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Museu Judaico de Belmonte recebeu 400 mil visitantes em vinte anos

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O Museu Judaico de Belmonte, inaugurado há vinte anos, recebeu cerca de 400 mil visitantes desde a abertura e é uma das âncoras do turismo no concelho.

O presidente da Empresa Municipal de Belmonte, Joaquim Costa, sublinhou que o equipamento é um símbolo da identidade local e da história da comunidade de cripto judeus da vila, pessoas que praticavam a religião às escondidas quando os judeus foram expulsos do país.

“Fazia parte da nossa identidade como belmontenses contar a nossa história. É uma comunidade viva, que ainda mantém a cultura judia e é das mais antigas comunidades sefarditas do mundo”, referiu Joaquim Costa, em declarações à agência Lusa.

Segundo este responsável, o Museu Judaico nasceu para contar a história dos cristãos-novos e do criptojudaísmo, como eles conseguiram sobreviver quase durante seis séculos, praticando a religião dentro das suas próprias casas.

“O Museu Judaico serve e serviu ao longo destes anos todos para dar voz ao silêncio dos judeus de Belmonte”, salientou Joaquim Costa, destacando a boa relação que sempre existiu entre cristãos e judeus.

O presidente da Empresa Municipal de Belmonte explicou que os conteúdos fazem referência não apenas à comunidade sefardita local, mas também aos criptojudeus em geral.

“Cada objeto que nós temos aqui conta a história deste povo de uma maneira em geral, que sofreu ao longo dos séculos, e conta a própria história do criptojudaísmo de Belmonte”, vincou.

Entre as peças expostas, Joaquim Costa destacou a Torá completa mais antiga existente no país, com mais de 400 anos, referindo-se ao livro fundamental do judaísmo.

Uma mezuzá de bolso do século XVII, que “cabia no bolso pequeno das calças, para passar despercebida”, é também elencada pelo responsável.

No Museu Judaico de Belmonte pode também ser vista a “primeira pedra da sinagoga”, datada de 1339. “Nesta altura já tínhamos uma sinagoga em Belmonte”, acrescentou Joaquim Costa.

Mas o responsável salientou que o equipamento vai sendo sempre enriquecido com mais peças e disse que, recentemente, foi oferecida uma capa de Torá de 1810 e há famílias que “estão a doar objetos de grande valor”.

O espaço abriu portas em 17 de abril de 2005, no ano seguinte foi visitado por 11 mil pessoas e esse número foi aumentando, até em 2019 ter atingido o recorde de 29 mil visitas e 27 mil em 2023, altura em que a guerra entre Israel e o grupo islamita Hamas originou cancelamentos.

Devido ao conflito, e por haver menos voos, os israelitas, nacionalidade que mais procurava o Museu Judaico, passaram a visitar Belmonte em menor quantidade e os visitantes dos Estados Unidos da América e do Brasil lideram atualmente a procura.

“Atrai visitantes de todo o mundo, principalmente aqueles turistas da diáspora, muitos deles à procura das suas raízes sefarditas”, informou o responsável, que apontou a importância da criação da rede de museus do concelho, e da aposta na cultura e no turismo, para responder ao impacto da “crise industrial” e das muitas fábricas de confeções que encerraram.

Ainda este ano, em que se completam vinte anos da abertura do equipamento, o Museu Judaico pretende editar a primeira Torá em português, o livro sagrado dos judeus.

A comunidade judaica de Belmonte, no distrito de Castelo Branco, que já teve mais de 300 pessoas, está atualmente reduzida a cerca de 60 elementos e várias pessoas emigraram nos últimos anos para Israel.

Notícias do Centro | Lusa

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