Já são 134 anos de história e de uma missão para com os conimbricenses. A Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Coimbra (AHBVC) celebrou o seu 134º aniversário a 7 de abril. As comemorações decorreram este domingo, dia 16, numa manhã repleta de atividades onde não faltaram pedidos por mais apoio para os operacionais.
A sessão foi marcada por algumas condecorações e homenagens e onde Ricardo Domingos tomou posse como comandante dos Bombeiros Voluntários de Coimbra. Recorde-se que, em 2022, foi empossado pelo ex-comandante da corporação, Nelson Antunes, como segundo comandante, que não esteve presente esta manhã devido a uma lesão no tendão de Aquiles. Contudo, já era comandante em substituição desde 1 de janeiro de 2023.
O discurso do empossado foi pautado por emoção dizendo que tem “orgulho em liderar este grupo de mulheres e homens que compõem este corpo de bombeiros” e é por eles que assume o desafio. Tornou-se cadete em 1998 e hoje afirma que “não ambicionava” e “não era um objetivo” chegar ao posto onde chegou.
Os bombeiros têm “menos capacidade de se equipar adequadamente e da forma que merecem.” É preciso um investimento. “É necessário substituir o equipamento para atuação de incêndios estruturais, mas torna-se uma missão quase impossível sem apoios”, critica o novo comandante remetendo a mensagem para a autarquia: “A Câmara Municipal de Coimbra (CMC) deve e pode fazer o esforço de olhar para os seus bombeiros no sentido de perceber as suas necessidades operacionais”, disse.
O comandante frisa que a segurança do bombeiro é o foco principal. “É da minha responsabilidade de dar garantia ao meu bombeiro que durante a sua intervenção tenha todas as condições de segurança e para isso nós precisamos de um investimento nos equipamentos de proteção individual (EPI). São dispendiosos e será quase impossível a AHBVC satisfazer o corpo de bombeiros de forma isolada”, sublinha.
“Senhor presidente, se lhes derem as ferramentas necessárias, estes bombeiros até o inferno apagam”, garante o comandante ao presidente da CMC, José Manuel Silva que marcou presença na cerimónia e que foi brindado com um boné da corporação oferecido em nome de toda a equipa.
O operacional pede que lhes sejam atribuídas ferramentas para poderem continuar a garantir a segurança e o bem-estar dos conimbricenses. “É um dever da sociedade ajudar, é uma obrigação de quem nos governa e acima de tudo, os bombeiros merecem” não esquecendo, frisa Ricardo Domingos que “dão tudo a troco de nada.”
João Vasco Ribeiro, presidente da AHBVC acredita “que vão continuar a serem capazes de socorrer as pessoas” e que deposita toda a sua confiança no operacional, pois ambiciona afirmar Coimbra “como uma referência nacional.”
O presidente da corporação voluntária afirma estar orgulhoso com todos estes 134 anos e que se revê em todos os apelos do novo comandante. João Vasco Ribeiro diz que os bombeiros têm trabalhado arduamente e que o resultado está “à vista”, mas que ainda ficaram objetivos por cumprir. “Aumentámos os profissionais no comando, dispomos de uma tesouraria, recebemos esta nova ambulância de socorro, bem como houve um aumento nas ocorrências e nos serviços de pré-hospitalar”, menciona.
João Vasco Ribeiro lamenta que tenham ficado algumas metas por alcançar, nomeadamente, o parqueamento “que é um problema do quartel” pelo que já foi solicitada “ajuda à Câmara Municipal para um novo espaço” e “um conjunto de benefícios para atrair novos bombeiros.”
Em resposta, José Manuel Silva relembra que se deve trabalhar em conjunto com as empresas e sociedade, pois só podem corresponder a mais solicitações se aumentar a “atividade económica e dinâmica do concelho, com mais empresas, emprego e pessoas para haver mais receita”, bem como “trabalhar em investimentos com retornos tangíveis de 100%”. “Não há milagres. Ou há receita ou não há orçamento para a despesa”, afiança o edil conimbricense.
“A queixa é transversal a todo o país quanto ao orçamento”, mas “estamos a trabalhar para que os benefícios sociais que dependem de nós, Câmara Municipal de Coimbra, sejam devidamente reconhecidos e atribuídos aos bombeiros voluntários para que sintam da parte da autarquia que há algo tangível que traduz esse reconhecimento e agradecimento. Iremos fazê-lo a médio prazo”, avança José Manuel Silva que não deixou de dar os parabéns pelo centésimo trigésimo quarto aniversário da corporação.
No ano de 2022, a corporação dos bombeiros voluntários de Coimbra interviu em 2.926 ocorrências das quais destacam-se 178 incêndios estruturais, 228 incêndios rurais, 88 acidentes com transportes, 1.700 emergências pré-hospitalares. Foram 94.000 km percorridos. Estiveram empenhados 8.406 operacionais com 3.125 veículos e com intervenções nos distritos de Santarém, Leiria, Aveiro, Castelo Branco, Viseu, Guarda e Vila Real.
O corpo de voluntários durante o dia tem 10 bombeiros das Equipas de Intervenção Permanente destacados, 4 bombeiros adstritos à emergência pré-hospitalar e outros 2 com funções administrativas que em caso de necessidade integram a prestação de socorro e ainda um comandante profissional. São 17 bombeiros prontos para responder a situações de socorro sendo que à noite são 10 bombeiros que também assumem ao fim de semana a resposta operacional.
Na sessão solene, participaram também Carlos Tavares, comandante operacional distrital (CODIS) de Coimbra, Isolina Mesquita, presidente da Assembleia Geral da AHBVC, Teresa Almeida Santo, vice-presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Coimbra, Marco Martins, vice-presidente do conselho executivo da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) e Joaquim Carraco, representante da Federação dos Bombeiros do Distrito de Coimbra (FBDC).
Vários comandantes das corporações do distrito de Coimbra, Braga e Trancoso, bem como representantes da Guarda Nacional Republicana, Polícia de Segurança Pública e Polícia Municipal marcaram presença na cerimónia, assim como autarcas do concelho e do distrito.
Durante a manhã, decorreu o desfile, na Avenida Fernão de Magalhães, apeado e motorizado e o padre Pedro Santos de Coimbra benzeu uma nova ambulância dos Bombeiros Voluntários de transporte de doentes não urgentes com o patrocínio da Fundação Bissaya Barreto e da Sanfil Medicina. Houve ainda um momento musical de Fado e confraternização com a presença das famílias com um almoço oferecido pela corporação.
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