O PSD de Espinho discorda da intenção da estrutura nacional de apresentar um candidato diferente do que foi indicado pela secção local para a presidência do município nas autárquicas deste ano, informou hoje a concelhia.
“Não vejo nenhum motivo para que a vontade da concelhia não seja respeitada. Tenho esperança que o bom senso impere”, disse à Lusa o presidente da concelhia, Ricardo Sousa, que, em novembro de 2024, foi aprovado por unanimidade para ser o candidato do partido à presidência daquele município do distrito de Aveiro.
A posição surge depois de, na passada sexta-feira, o coordenador autárquico nacional do PSD, Pedro Alves, ter comunicado, num plenário de militantes em Espinho, que a intenção da estrutura nacional do partido era apresentar um candidato diferente.
Ricardo Sousa defendeu, na altura, que a vontade da comissão política deve ser respeitada e deve ser validada pelas bases do partido.
“O partido não pode servir para ajustes de contas pessoais. O candidato à câmara está escolhido”, afirmou, adiantando que só um motivo muito forte poderia “contrariar aquelas que são as competências da comissão política nesta matéria”.
Ricardo Sousa recordou ainda outros processos de escolha “muitíssimo tumultuosos”, como foram os casos de Luís Montenegro e de Pinto Moreira em 2001 e 2009, respetivamente, onde se assistiram a “grandes divisões e votos contra”, sublinhando que nem por isso se deixou de respeitar a vontade da comissão política.
“E foi sempre assim desde 1976, porque é que agora havia de ser diferente?”, questionou.
Ricardo Sousa criticou ainda a falta de transparência neste processo, considerando um “absoluto desastre” a forma como a distrital está a fazer a gestão deste caso.
Durante o plenário, foi aprovada uma moção para confirmar a indicação da concelhia para candidatar Ricardo Sousa à presidência da Câmara de Espinho com 61 votos a favor e nove abstenções.
Contactado pela Lusa, o presidente da distrital, Emídio Sousa, disse que está a acompanhar o processo e que irá falar com a Nacional nos próximos dias.
“Nós estamos aqui para trabalhar em conjunto e em equipa e obviamente que iremos falar nos próximos dias sobre a situação de Espinho e ver qual é a posição da nacional”, disse o responsável, adiantando que a Distrital quer ganhar eleições, seja qual for o candidato.
A Câmara de Espinho, no distrito de Aveiro, é presidida por Maria Barbosa Cruz, do PS, desde janeiro de 2023, sucedendo a Miguel Reis, que renunciou ao mandato após ter sido detido no âmbito da operação Vórtex.
Em 2021, o PS venceu as autárquicas em Espinho, com maioria absoluta, obtendo quatro mandatos, contra três do PSD, reconquistando a autarquia que tinha perdido para os social-democratas em 2009.
Comentários