Mais de 600 autores de vários países vão marcar presença na edição deste ano do Folio – Festival Literário Internacional de Óbidos, com um total de 241 iniciativas a decorrer entre os dias 12 e 22 de outubro.
O tema da 8.ª edição do festival será o “Risco”, transformado em “oportunidades e desafios”, disse a vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Óbidos, Margarida Reis, revelando que este ano o Folio vai “surpreender com um novo espaço” na vila medieval, com o objetivo de homenagear o livreiro José Pinho.
Esta é a primeira edição do festival, sem o seu mentor e dinamizador, que morreu em maio deste ano.
“É um espaço para ler, conviver, com livros, tapas e vinho. Era vontade do José Pinho criar uma enoteca que juntasse o livro e o vinho, algo enraizado no território de Óbidos”.
Esta é uma das novidades de uma edição que conta com um total de 603 autores e criadores, em cerca de 108 conversas e tertúlias, 40 apresentações e lançamentos de livros, 40 espetáculos e concertos, 21 exposições, 18 sessões de leitura e poesia e 14 mesas de autores.
Outra estreia desta edição é a Carrinha do Dessossego, uma carrinha que fará uma itinerância pelas sete freguesias do concelho. Durante os dez dias que antecedem o evento, a comunidade tem acesso aos livros que vão ser apresentados.
Pegando no mote deixado por José Pinho – “No futuro, quero ter um grande escritor em cada dia do evento” – o Folio vai ter “onze dias, onze autores”, pela primeira vez “um grande autor por dia” será homenageado, disse a responsável.
Os autores escolhidos para cada dia são José Pinho, Mário Cesariny, Sophia de Mello Breyner Andresen, Agustina Bessa-Luís, Mário-Henrique Leiria, Eugénio de Andrade, António Manuel Couto Viana, Natália Correia, Armando da Silva Carvalho, Ney Matogrosso e Urbano Tavares Rodrigues.
Relativamente ao músico brasileiro, esta será a primeira vez que participa num festival literário fora do Brasil.
Ney Matogrosso vai estar na apresentação da sua biografia – já publicada no Brasil mas ainda sem publicação em Portugal – com o jornalista Julio Maria, seu biógrafo.
O Folio Educa integra, uma vez mais, dois espaços que oferecem à comunidade educativa e ao público áreas de discussão e reflexão: o seminário internacional de educação e o seminário de inclusão.
O agrupamento de escolas Josefa de Óbidos vai voltar a receber as tertúlias educativas e o projeto “Escolas que abraçam”, agora apoiado pela Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), que volta com uma nova edição criada por alunos de escolas portuguesas e brasileiras, “prometendo abrir os braços e estender-se África fora até à Ásia”.
Esta nova edição do Folio Educa vai ter uma parceria com a Festa Literária Internacional de Parati.
O Folio inclusão, que tem como princípios contribuir para a construção de uma sociedade inclusiva, promove o debate, cruzando a literatura acessível, educação e comunicação.
Nessa lógica, o Folio vai incorporar este ano em todos os seus conteúdos, comunicação e divulgação o ColorADD, código gráfico para daltónicos.
Ainda no que respeita a novidades deste ano, os organizadores criaram o “Dia da Poesia”, para promover este estilo literário e fomentar a sua divulgação, lembrando e lendo os poetas centenários portugueses.
A poesia será celebrada ainda com a presença de poetas oriundos de outros países, como é o caso de Valeriu Stancu, da Roménia, András Petocz, da Hungria, Sylvestre Clancier, de França, Carlos Aguasaco, da Colômbia, Ana Paula Tavares, de Angola, e Filipa Leal, de Portugal.
Pelo segundo ano consecutivo, o festival terá um espaço dedicado à sustentabilidade ambiental, tendo como destaque a exposição permanente “Plásticus Marítimus”, de Ana Pego, que alerta para o problema dos resíduos plásticos nos oceanos.
A exposição vai estar em diálogo com oficinas de educação ambiental.
Segundo Margarida Reis, o Folio Tec disponibiliza este ano uma assistente virtual para interagir com o público em várias línguas, e o Fólio Boémia apresenta uma programação eclética, com diferentes abordagens artísticas e públicos.
Esta programação boémia inclui música erudita, moderna, experimental, tradicional portuguesa e fado, e vai realizar-se em oito espaços do centro histórico de Óbidos.
Ao nível de exposições, estão previstas 20 mostras e um mural dedicado a José Pinho, bem como o já habitual espaço de divulgação de banda desenhada e outras narrativas gráficas.
Haverá ainda exposições de André Carrilho, Nuno Saraiva, Flicts Ziraldo, entre muitos outros.
A curadoria ilustra conta este ano com um manifesto ilustrado a favor das livrarias independentes, em que 69 ilustradores (um por cada ano de vida de José Pinho) ilustram livrarias reais e imaginadas.
Em relação aos autores internacionais em destaque na programação deste ano do Folio, a mesa de abertura será partilhada entre Geoff Dyer, autor inglês residente nos Estados Unidos, e João Tordo, que vão falar sobre o tema “Fim”.
O escritor, filósofo e crítico literário britânico Terry Eagleton vai estar à conversa com Pedro Mexia em torno do “pensamento crítico”, enquanto Leonardo Padura e Carlos Vaz Marques vão falar sobre “Coerência”.
Jorge Carrión, Mariana Enriquez, Carla Madeira, Hervé le Tellier e Júlia Navarro são outros autores internacionais de vão passar pelo Folio.
No panorama nacional, os organizadores destacam o debate entre as jornalistas Ana França e Cândida Pinto sobre “Guerra”, e o encontro entre Paulo Portas e Michel Eltchaninoff, especialista na história do pensamento russo, para falarem sobre o “Futuro”, naquela que será a última mesa do último dia do programa.
No que diz respeito à música, Daniel Pereira Cristo, Júlio Resende, Marcos Rodrigues, Amélia Muge e Lavoisier são alguns dos muitos músicos que vão passar pelo festival literário de Óbidos.
O festival conta este ano com um orçamento de 460 mil euros de investimento, revelou o presidente da Câmara Municipal de Óbidos, Filipe Daniel, revelando ainda a intenção de, no próximo ano, candidatar o concelho a capital mundial do livro.
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