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Combate aos jacintos-de-água é luta com 10 anos em Montemor-o-Velho

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O combate aos jacintos-de-água, uma espécie invasora aquática que tem afetado os cursos de água do Baixo Mondego, leva cerca de uma década e é o município de Montemor-o-Velho aquele que mais investimento e ações concretas tem realizado.

A praga desta invasora aquática, que, como outras, chegou a Portugal há décadas como planta ornamental para lagos e jardins, oriunda da América do Sul, é reconhecida por criar extensos tapetes verdes que cobrem totalmente a superfície das águas.

Num artigo científico publicado em 2019, as especialistas em plantas invasoras, Hélia e Elisabete Marchante, consideraram que o jacinto-de-água “é a planta invasora aquática mais distribuída em Portugal e a que causa mais danos”.

As especialistas argumentaram ainda que, embora a erradicação da espécie, por remoção completa das plantas, sementes ou fragmentos – que podem dar origem a novas plantas em questão de dias – seja muito difícil, o seu controle é possível, com medidas adequadas.

Foi com esse controle em vista que, uns anos antes, em 2015 e 2016, o município de Montemor-o-Velho efetuou a primeira ação de limpeza dos jacintos-de-água, detetados na sua zona ribeirinha, nomeadamente no chamado leito abandonado e no leito periférico direito do rio Mondego.

As primeiras ações custaram à Câmara Municipal 15 mil euros e hoje, passados cerca de 10 anos, o investimento de Montemor-o-Velho, com apoios do Fundo Ambiental, no combate aos jacintos-de-água, ascende a mais de 830 mil euros, a que se juntam os recursos humanos e equipamentos adstritos ao serviço municipal de Proteção Civil, que tem a seu cargo as operações no terreno.

Em 2017 e 2018, o município investiu mais 411 mil euros numa intervenção alargada de limpeza, desobstrução e desassoreamento, com remoção de vegetação, no leito abandonado do Mondego e, em 2020 e 2021, promoveu um projeto de combate à invasora exótica naquele município, visando uma “estratégia de longo prazo com vista à erradicação desta praga dos cursos de água do concelho”, lê-se em documentação a que a agência Lusa teve acesso.

Foi então elaborado um plano de ação local para controlo, contenção e erradicação dos jacintos-de-água, obedecendo a um modelo definido pelo Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) e adquiridos diversos meios e equipamentos afetos à atividade, para além de terem sido realizadas ações de voluntariado com aquela finalidade.

Depois de em dezembro de 2020 ter investido 40 mil euros na proteção do nenúfar amarelo do Baixo Mondego, com instalação, no leito periférico direito, de uma barreira de proteção contra os jacintos-de-água, em 2021, a comunidade intermunicipal da Região de Coimbra (CIM/RC), a que Emílio Torrão também preside, entrou na ‘luta’ às invasoras aquáticas.

A intervenção passou por um projeto de gestão, que incluiu a compra de uma ceifeira anfíbia, alocada ao território de cinco municípios (Montemor-o-Velho, Figueira da Foz, Soure, Cantanhede e Mira) aos quais, mais tarde, se juntou Coimbra.

Depois de outras ações e quase 1,4 milhões de euros investidos, a CIM/RC tem atualmente em vigor, até 2025, um protocolo de prevenção e controlo, em parceria com o Fundo Ambiental e o ICNF, no valor de 450 mil euros, naqueles seis municípios, e a terceira edição de um projeto para a valorização e compostagem das plantas retiradas da água, onde participam, entre outras entidades, o Instituto Politécnico de Bragança e a Escola Superior Agrária do Politécnico de Coimbra.

Quanto aos resultados no terreno, os mais visíveis mostram o leito abandonado do Mondego limpo de invasoras aquáticas, num troço com cerca de seis quilómetros de extensão, que passa pela povoação da Ereira até às comportas do rio Foja, tendo a margem direita junto a Montemor-o-Velho sido requalificada e convertida em espaço de lazer.

O mesmo não sucede, porém, no leito periférico direito (abastecido por uma vala oriunda do município de Coimbra, que corre junto à estrada nacional 111 e entra no concelho de Montemor-o-Velho na povoação de Tentúgal), cujo troço para montante do chamado Poço da Cal e junto ao Casal Novo do Rio e desta localidade até ao leito central do rio Mondego se encontra completamente coberto de jacintos-de-água.

“Montemor-o-Velho não está a lançar jacintos para o leito central. Os jacintos que existem são provenientes de outros concelhos, nomeadamente os do periférico direito, e vêm até Montemor. Como podem constatar e podem vir ver presencialmente, as linhas de água de Montemor estão limpas, exceto a linha do periférico direito”, afirmou Emílio Torrão.

A situação no leito periférico direito (que, em alguns locais do seu percurso entre Coimbra e Montemor-o-Velho, não passa de um pequeno ribeiro) decorre, alegadamente, do excesso de nutrientes nas águas, pelo que as invasoras encontram ali campo fértil para se reproduzirem rapidamente.

Embora a jusante do Casal Novo do Rio existam barreiras de proteção que, por ora, estão a conter as invasoras aquáticas, estas acabarão por ceder ao peso das plantas. Os jacintos-de-água irão então entrar no leito central do Mondego, com a chegada do inverno e o aumento dos caudais, em direção ao mar, na Figueira da Foz, o que sucede todos os anos, com maior ou menor expressão.

Em contacto com a água salgada, as plantas invasoras perdem as suas capacidades infestantes e acabam por morrer.

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