Coimbra

Bienal Anozero ainda sem solução de um espaço em Coimbra para a edição de 2026

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A bienal de arte Anozero, em Coimbra, continua sem um espaço definido para 2026, face à transformação do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova num hotel, o que atrasa a preparação da sexta edição.

“Quanto mais o tempo avança, mais difícil é a possibilidade de conseguir uma equipa curatorial coesa, empenhada e com tempo. Não temos equipa curatorial [para a edição de 2026], porque não posso convidar uma pessoa para casa se não tenho uma casa”, disse à agência Lusa Carlos Antunes, diretor do Círculo de Artes Plásticas de Coimbra (CAPC), entidade coorganizadora da bienal.

O Mosteiro de Santa Clara-a-Nova, em Coimbra, que era o epicentro da bienal Anozero, vai ser alvo de um projeto de requalificação e transformação em hotel de cinco estrelas, após um concurso público de concessão por 50 anos, decisão criticada pelo CAPC, mas também por centenas de pessoas, entre agentes culturais e profissionais do meio, que assinaram uma carta aberta a defender a manutenção da bienal naquele monumento.

Segundo Carlos Antunes, a bienal continua a não ter um espaço definido para a próxima edição, o que não permite convidar uma equipa curatorial.

Apesar de acreditar que o mosteiro possa não ter obras ainda na edição de 2026, a indicação que tem é a de que a empreitada deverá avançar nesse ano, pondo fim à possibilidade de fazer uma última edição naquele espaço.

“A preocupação e procura de soluções existe, mas não há nenhuma perspetiva de nada em concreto”, referiu Carlos Antunes.

De acordo com o responsável, a equipa curatorial deveria estar já definida nesta altura, para poder pensar e produzir com tempo um processo que já está “muito atrasado” em relação ao que seria normal.

Sobre a possibilidade do antigo Pediátrico, Carlos Antunes vincou que não “há nenhuma novidade em relação àquele espaço”, que, de momento, não tem condições para acolher uma bienal.

O diretor do CAPC entende como limite “mais sensato” para a definição de um espaço e consequente escolha da equipa curatorial o final do ano e o seu anúncio na abertura do ‘solo show’ que irá decorrer em abril de 2025.

“Se na abertura não tivermos curadoria definida e espaço, terá de se anunciar o cancelamento da bienal”, vincou, salientando, no entanto, que vê empenho por parte do Governo, Câmara de Coimbra e Universidade de Coimbra e que tem “alguma esperança” que tal não aconteça.

O próximo ‘solo show’, que em 2023 foi protagonizado pelo artista islandês Ragnar Kjartansson, irá ser no Mosteiro de Santa Clara-a-Nova e a sua preparação “está a correr bem”.

“Será de uma dupla de artistas que nunca expôs em Portugal e o mosteiro mostra, novamente, esta capacidade xamânica de chamar artistas a Portugal”, sublinhou.

Questionado pela agência Lusa, o presidente da Câmara de Coimbra, José Manuel Silva, disse que o município está a trabalhar “no sentido de adaptar a bienal às novas circunstâncias do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova”.

Como opções para o futuro, o autarca aponta para o jardim e espaços exteriores do mosteiro, que passarão a ser responsabilidade do município e a utilização de uma parte do antigo Pediátrico de Coimbra, acreditando que a bienal “continuará a descobrir novos espaços na cidade”.

“Continuaremos a explorar novos espaços”, disse, vincando que a Anozero “já atingiu uma dimensão e reconhecimento que se afirma por si mesma e não pelo local onde a arte contemporânea é exposta”.

Sobre prazos para definir um espaço para 2026, José Manuel Silva disse que “será definido assim que for possível definir”, notando que “não poderá ser no final de 2025 que essa decisão terá de ser tomada”.

Notícias do Centro | Lusa

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