Aveiro

Santa Maria da Feira: Francisco Assis e Mota Soares concordam que PS deve ser preferencial nas negociações

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 O eurodeputado do PS Francisco Assis defendeu na sexta-feira que as negociações do Orçamento do Estado devem passar pelo PS e não pelo Chega, posição partilhada pelo antigo ministro e dirigente do CDS-PP Pedro Mota Soares.

O socialista e o democrata-cristão foram os oradores do segundo jantar conferência da Escola de Quadros do CDS-PP, que decorre até domingo em Santa Maria da Feira, no distrito de Aveiro.

No início da sua intervenção, Francisco Assis defendeu que “em determinados momentos é fundamental” que a esquerda dialogue com o centro-direita e sejam estabelecidos compromissos, “sobretudo em momentos em que a democracia está em causa”.

Questionado diretamente sobre o Orçamento do Estado para o próximo ano, o membro da Comissão Política Nacional do PS defendeu que “era desejável que houvesse uma disponibilidade para algum diálogo” entre o Governo e os socialistas.

“Aparentemente há esse diálogo, vamos ver o que daí vai resultar. […] As negociações vão começar agora, é altura de negociar e discutir. Se não se chegar a acordo também não é absolutamente tragédia nenhuma, agora, o que me parece importante é que haja essa disponibilidade para uma negociação. Eu sei o que faria se fosse comigo, mas compreendo perfeitamente a situação”, indicou.

Francisco Assis considerou também que “não se pode dizer de manhã que o Chega é um partido fascista ou protofascista, e que até deve haver um cerco sanitário em relação ao mesmo, e da parte da tarde dizer que é desejável que o PSD vá governar com o apoio do Chega e trazer o Chega para a área da governação”.

O eurodeputado socialista considerou que “é perigoso trazer essas correntes para a área da governação, nem que seja por apoio ao governo nesta ou naquela área” e afirmou que “todos os esforços devem ser feitos no sentido de evitar isso mesmo”.

O antigo ministro da Solidariedade, Emprego e Segurança Social Pedro Mota Soares partilhou da mesma visão e defendeu que o Governo “faz bem, e ainda devia fazer mais, em escolher falar com PS em vez de escolher falar com forças populistas”.

“Vamos ter daqui a muito breve trecho o Orçamento do Estado, acho que há uma obrigação de escolher falar com quem, não pensando exatamente como nós, pensa nos fundamentais a 20 anos como nós do ponto de vista da democracia, e não escolher falar com forças populistas”, defendeu.

Pedro Mota Soares pediu ao PS que não recuse falar com o Governo.

“Há uma responsabilidade muito grande do Governo de poder, de alguma forma, encetar um diálogo com o PS, mas o PS não pode dizer ao Governo ‘nós recusamos falar, vão lá encontrar soluções com populistas, com gente com quem nós não queremos falar, mas vocês devem falar'”, salientou.

Outra das perguntas colocadas pelos jovens centristas prendeu-se com as eleições presidenciais, com o eurodeputado do PS a dizer estar “convencido que o próximo Presidente da República será alguém da área moderada”.

“Há vários nomes, todos eles bons, acho que não vamos ter problemas de falta de candidatos a Presidente da República”, defendeu.

Francisco Assis considerou também que “os candidatos não têm de ser puras emanações das direções partidárias, nem deve sê-lo, devem ser personalidades políticas que se apresentam, e há várias personalidades políticas moderadas em Portugal que estarão em condições e com aspirações a serem candidatos a Presidente da República”, indicando que irá empenhar-se em apoiar alguém da sua área política.

Pedro Mota Soares assinalou que não pode “empurrar ninguém”, mas traçou o perfil que gostaria de ver no próximo Presidente da República, nomeadamente que tenha “noção do que Portugal é no mundo atual”, perceba o está a acontecer no mundo, entenda “as várias sensibilidades nacionais” e consiga estabelecer consensos.

“Quem encaixa nesse perfil? Caberá às pessoas agora chegarem-se à frente. Eu enquanto militante do CDS, mas acima de tudo como mente livre, estarei totalmente disponível para ajudar alguém que entenda que tem condições com este mesmo perfil”, indicou.

Notícias do Centro | Lusa

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