Leiria

Presos entre o ‘burnout’ e opioides! Trabalhadores vidreiros em Leiria pedem mais direitos

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Cansaço extremo, ‘burnout’ e falta de tempo com a família são alguns dos problemas relatados hoje ao BE por trabalhadores da indústria vidreira, na Marinha Grande, que pediram direito ao descanso e a uma reforma antecipada.

“Neste momento vemos na campanha falar de baixar o IRS, já ouvimos grandes medidas, mas só vemos o BE a falar dos turnos e os trabalhadores por turnos. E isto não é uma ideia tão radical, somos nós que criamos a riqueza mas também somos nós que sofremos as consequências dessa riqueza”, alertou Gil.

Durante cerca de uma hora, a coordenadora do BE, Mariana Mortágua, e o cabeça de lista em Leiria e fundador histórico do partido, Fernando Rosas, estiveram a ouvir as queixas de trabalhadores por turnos da indústria vidreira da Marinha Grande, que vão desde dificuldades em dormir, cansaço extremo, ‘burnout’, horários trocados e falta de tempo para estar com a família.

Gil é trabalhador desta indústria e sofre de silicose, uma doença pulmonar grave causada pela inalação prolongada de poeira de sílica cristalina. Relatou que muitos vidreiros são obrigados a ir trabalhar “carregadinhos de opioides” e têm “marcas de queimaduras de vidro” no corpo.

“A idade avança muito mais rápido para quem trabalha por turnos porque o desgaste vai ficando. Eu fui fazer uma simulação à Segurança Social e estou a pensar em comprar o andarilho número 3.433, que é aquele que vem com as jantes liga leve, porque vou trabalhar até aos 66 anos e nove meses”, ironizou Gil.

O apagão do mês passado gerou “prejuízos de milhões” na indústria vidreira, disse, mas os prazos precisam de ser cumpridos e o trabalho “não pára”, nem ao fim de semana, nem no feriado, nem no Natal.

Uma das reivindicações destes trabalhadores é o estatuto de profissão de desgaste, o que permitiria o acesso a uma reforma antecipada.

“Não é um almoço grátis que estamos a pedir”, realçou, lembrando que outros profissionais têm este estatuto.

Para a coordenadora do BE, o acesso a esta reforma antecipada é “uma medida de justiça básica”.

Fernando Rosas, historiador, fez questão de salientar que “a luta dos vidreiros em torno das suas condições de trabalho, de salário e de vida é uma das lutas fundadoras do movimento operário português”.

“Ninguém se esquece que a primeira revolta operária contra a ditadura e o fascismo, quando ele estava a levantar a cabeça, foi aqui no 18 de janeiro de 1934, na Marinha Grande. E nós ligamos a essa história. Não é por acaso que os vidreiros da Marinha Grande desempenham um papel com tanta tradição na luta, na organização, na reivindicação”, realçou.

Uma das bandeiras do BE nesta corrida eleitoral é a defesa dos trabalhadores por turnos, para quem os bloquistas advogam um subsidio obrigatório correspondente a pelo menos 30% do salário base, a antecipação da idade de reforma em seis meses por cada ano de trabalho (até ao limite dos 55 anos de idade), dois fins de semana de descanso, no mínimo, a cada seis semanas de trabalho e descanso de 24 horas entre cada turno.

O histórico bloquista frisou que a luta do BE pelos trabalhadores por turnos “diz respeito a uma fração enorme da força de trabalho do distrito que não tem tido voz no parlamento”.

“Os representantes atuais no parlamento dos partidos são partidos que falam em nome dos empresários, mais palavrosos, menos palavrosos, mais eloquentes, menos eloquentes mas os problemas de não dormir à noite, de não ter convívio com a família, de estar a trabalhar com 50, 60 graus e a respirar óleo, quem é que fala nisso no parlamento?”, questionou.

Notícias do Centro | Lusa

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