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Mostra de poesia sonora e concreta é lançada no sábado em Leiria

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A Letra – Mostra de Poesia Sonora e Concreta estreia-se no sábado em Leiria, levando à cidade formas de apresentar e interpretar textos, com a sueca Cia Rinne e o polaco Christian Bök enquanto cabeças de cartaz. 

Organizada pela editora, livraria e galeria Paper View, a mostra Letra arranca às 15:00 e prolonga-se até perto da meia-noite, com exposições na Galeria Quattro e nas instalações da entidade organizadora, lançando depois um percurso por vários espaços de Leiria com atividades dedicadas a diferentes abordagens vocais ao texto.

Segundo Sal Nunkachov, fundador e responsável pela Paper View, Letra celebra três anos de atividade do projeto e projeta a outra escala a programação regular que tem sido feita.

“É também uma forma de fazer um pouco maior, mais visível. Daí ir para cidade e outros sítios. Está na ideia também ir depois para outras cidades. Vamos ser se pode ou não pode e que tipo de apoios e parcerias é que se podem estabelecer”, explicou o organizador à agência Lusa. 

Para já, será um dia inteiro dedicado à poesia sonora e concreta em Leiria, vertente da produção artística nem sempre fácil de definir. Desde logo, nota Sal Nunkachov, porque o termo “poesia sonora” causa “alguma perplexidade” devido a uma interrogação:

“‘Não é toda a poesia sonora?’ Se pensarmos, realmente não é, porque normalmente lemos em silêncio. A poesia sonora foi deliberadamente feita para ser lida em voz alta, muito ligada com o Alfred Jarry, na parte da patafísica, e ao Kurt Schwitters e ao Henri Chopin, na parte da poesia sonora e do futurismo e dadaísmo”.

É desse tempo, finais de 1910 e década seguinte, e “muitas vezes nem palavras tem, tem fonemas”. “Mas depois há diferentes aceções e a mostra também tenta fazer isso: mostrar um pouco de cada um dos praticantes da área e explicar como se pode interpretar ou apresentar textos”.

Entre vários convidados, dois destacam-se: Cia Rinne, sueca que leva a Leiria “um projeto minimal de erosão de texto, em que junta várias línguas, numa atitude de quase apagar o texto, o texto quase a comer-se a si próprio”; e Cristian Bök, poeta sonoro e ‘diseur’ canadiano, que vem a Portugal apresentar o primeiro álbum vinil, editado pela Hearsay, divisão sonora da Paper View.

Também a presença de Fernando Aguiar é destacada por Sal Nunkachov. O artista assume a curadoria de uma das exposições e lança em Leiria uma cassete de “Trocabolário”, onde percorre vários dos seus poemas.

Na Letra será ainda apresentada por Paula Cortes uma nova tradução de Emma Santos, feita por Valério Romão, e Diogo Marques vai mostrar poemas de “uma obra assente nas materialidades da escrita”.

Em exposição em Leiria vão estar obras de Alberto Pimenta, Ana Hatherly, Arnaldo Antunes, Arriga Lora-Totino, Bernard Heidsieck, Emerenciano, Enzo Minarelli, Eugen Gomringer, Giovanni Fontana, Henri Chopin, Jirí Kolár, Paulo Bruscky ou Silvestre Pestana, entre vários outros.

No percurso sonoro que liga a Sala do Capítulo do Museu de Leiria, a livraria Arquivo, a sede da antiga Preguiça Magazine e o restaurante bar Atlas, haverá “contextos orais da palavra, desde o futurismo ao monólogo de teatro, dando hipótese ao público de experienciar um espectro amplo do registo vocal”.

Com mais de 400 publicações lançadas e mais de meia centena de exposições organizadas nos últimos três anos, a Paper View reforça a intenção de “desmistificar o que as pessoas costumam dizer que é esquisito ou fora da norma”.

Até porque, frisa o responsável do projeto cultural, muitos dos movimentos ligados à poesia sonora e concreta “têm sede no Barroco, não são propriamente de agora”, concluiu Sal Nunkachov. 

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