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“Esgoto a céu aberto” no Hospital da Feira

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Profissionais do Hospital São Sebastião e a Associação Sindical Portuguesa de Enfermeiros (ASPE) denunciaram hoje uma fuga de “esgoto a céu aberto” que está “há mais de dois meses por resolver” naquela unidade hospitalar de Santa Maria da Feira.

O problema no edifício-sede da Unidade Local de Saúde do Entre Douro e Vouga (ULS EDV) já motivou uma carta em que dezenas de profissionais ao serviço do hospital exigem a resolução do problema, que classificam como “um perigo para a saúde pública” e “um risco grave para o bem-estar de pacientes, funcionários e comunidade em geral”.

Depois de contactada pela Lusa, a administração do hospital disse que vai resolver o problema na próxima quarta-feira e que não o fez antes devido à localização da fuga num local de difícil acesso.

A vice-presidente da ASPE, Álvara Silva, explicou o que está em causa: “Não é água da chuva – é mesmo esgoto que devia ser encaminhado para a rede pública de saneamento, mas que, devido a um cano entupido por baixo da tenda que tem funcionado provisoriamente como cantina, tem ali um ponto de fuga a céu aberto”.

A situação é percetível nas fotografias a que a Lusa teve acesso, mas a dirigente sindical realçou que “essas imagens não captam o cheiro insuportável” que fica na zona nem “as ratazanas que já foram vistas no local”.

“As pessoas têm que passar por cima do esgoto para entrar no hospital, o que significa que transportam o seu conteúdo para o edifício, o que é muito perigoso em termos de riscos de infeções”, notou a sindicalista.

Considerando que aceder ao sistema de drenagem exigirá a deslocação da tenda onde desde a pandemia de covid-19 vem funcionando uma cantina provisória, a vice-presidente da ASPE admitiu que a operação pode ser difícil, mas defendeu que “mesmo com esses condicionalismos, uma situação destas não pode estar há tanto tempo sem se resolver”.

Na carta coletiva dirigida à administração da ULS EDV, que começou a circular na quarta-feira entre os profissionais do São Sebastião e à qual a Lusa teve acesso, os subscritores do documento classificam a situação como “alarmante”.

“É insustentável”, lê-se na carta. “[A fuga] cria um ambiente insalubre que, com odor fétido a esgoto, pode levar à proliferação de doenças infeciosas (…) e até ao momento não foram adotadas ações eficazes para resolver o problema, (…) o que agrava a situação a cada dia”.

Para eliminar esse foco de “água suja estagnada e o contacto com agentes patogénicos”, os mesmos assinantes exigem não apenas a instalação de uma cantina adequada e a “imediata desobstrução do sistema de drenagem de esgoto”, mas também “uma avaliação externa especializada a fim de garantir que os protocolos de saúde e segurança sejam seguidos”.

A mesma carta avisa: “Com o aquecimento na Primavera e no Verão, este problema tornar-se-á ainda mais grave. Se não forem tomadas as medidas urgentes necessárias, podemos ter que alargar esta denúncia à Autoridade de Segurança Alimentar e Económica e à Entidade Reguladora da Saúde”.

Contactada pela Lusa, a administração da ULS EDV começou por referir que “nunca foi questionada pela ASPE sobre este assunto” e depois afirmou: “O sistema de drenagem de águas proveniente da cozinha do refeitório, devido ao acumular de restos de comida, provocou a obstrução e consequente vazamento através das tampas de saneamento no exterior”.

O prolongar do problema deve-se à localização da fuga. “Esse ponto situa-se em local apenas acessível após a desmontagem de uma parte da cantina provisória, o que implicará o seu encerramento temporário. A conjugação de duas entidades externas levou a que a intervenção não pudesse ser efetuada de forma imediata”.

Sobre o espaço de refeições, referiu que “está previsto para este ano o início da construção de uma nova cozinha e de uma cantina, num investimento de cerca de três milhões de euros”.

Notícias do Centro | Lusa

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