Uma empresa pioneira em nanotecnologia e produção de novos materiais no Brasil vai investir cerca de um milhão de euros numa nova fábrica e laboratório de pesquisa na Figueira da Foz, no Centro de Portugal, disse um administrador.
Em declarações à agência Lusa, Daniel Minozzi, diretor de marketing (CMO)da Nanox Tecnologia, empresa fundada em 2004 e conhecida mundialmente pelo desenvolvimento de soluções antimicrobianas inovadoras, afirmou que o plano de expansão e internacionalização do grupo tecnológico brasileiro para a Europa está em fase de arranque, estimando a sua conclusão daqui por dois anos, em meados de 2026.
“As nossas equipas de engenharia e arquitetura estão a ultimar os desenhos e os projetos da indústria e vamos submetê-los à Câmara, nos próximos dias, para aprovação. Se tudo der certo, queremos começar a construção ainda este ano”, enfatizou.
Daniel Minozzi estimou que a construção da unidade fabril demore entre 12 e 18 meses, prevendo o arranque das operações de produção em Portugal, que funcionará como porta de entrada para o mercado europeu, em meados de 2026.
“Estamos muito animados com os investimentos que estão a ser feitos daqui do Brasil para Portugal, porque temos tido uma recetividade muito boa do mercado europeu”, argumentou o diretor da tecnológica brasileira.
A nova fábrica ocupará um lote de terreno com cerca de quatro mil metros quadrados (sensivelmente metade de um campo de futebol de 11) adquirido ao município da Figueira da Foz por 55 mil euros e localizado na zona de expansão do parque industrial da Gala, na margem sul do rio Mondego.
Paralelamente, ao longo das próximas semanas, a Nanox Tecnologia irá instalar um laboratório de pesquisa e desenvolvimento de aplicações na Incubadora do Mar & Indústria, localizada no mesmo parque industrial.
A empresa, que teve um volume de faturação de 3,5 milhões de euros em 2023, desenvolve soluções antimicrobianas inovadoras, passíveis de serem aplicadas em metais, vidro, cerâmica, madeira, fibras ou plástico, contribuindo, segundo o CMO, para prolongar a vida útil daqueles produtos, enquanto visa a sustentabilidade ambiental.
Atua nos mercados da arquitetura e construção, têxteis, embalagens, utilidades domésticas e industriais, ou área médica e hospitalar, entre outros, e vai, a partir de Portugal, cumprir com a regulamentação europeia, diferente da aplicada no Brasil e EUA e desenvolver uma linha de produtos própria para a União Europeia, vincou Daniel Minozzi.
“Temos essa exigência e esse cuidado de ter um laboratório de desenvolvimento e uma unidade fabril local que atenda às regulamentações específicas do mercado comum europeu”, acrescentou.
Na conversa com a Lusa a partir do Brasil, o diretor de marketing da Nanox explicou ainda que o investimento em Portugal visa, igualmente, intensificar o desenvolvimento de novos materiais e produtos ambientalmente sustentáveis, principalmente no setor das embalagens na área alimentar, onde a empresa já atua e no qual pretende afirmar-se no mercado global.
Já sobre a escolha da Figueira da Foz e da região Centro de Portugal para iniciar o investimento europeu, Daniel Minozzi destacou a recetividade do município litoral do distrito de Coimbra “que quer captar novos negócios e está a criar um ecossistema ligado à inovação”, a centralidade face a Lisboa e ao Porto ou a proximidade a instituições de ensino superior “decisivas na investigação e na ligação à indústria”.
O responsável da tecnológica brasileira evidenciou ainda o acompanhamento que os técnicos municipais da divisão camarária de Inovação e Investimento, bem como responsáveis da incubadora do Mar & Indústria, têm prestado à Nanox.
Fundado como uma ‘spin off’ de um instituto da Universidade Federal de São Carlos, município do interior do Estado de São Paulo, onde está sediado, o grupo possui duas fábricas no Brasil e uma representação nos EUA, nos arredores de Boston, que gere questões ligadas à regulamentação e propriedade intelectual no mercado norte-americano.
Em junho de 2020, a Nanox, em conjunto com investigadores brasileiros e espanhóis, desenvolveu um tecido com micropartículas de prata na superfície que demonstrou ser capaz de desativar o SARS-CoV-2, o vírus que provoca a covid-19, após dois minutos de contacto.
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