O presidente da Comunidade Intermunicipal (CIM) da Beira Baixa manifestou hoje a sua satisfação pelo anúncio do início do processo de desmantelamento da central nuclear espanhola de Almaraz.
“A minha primeira reação é de satisfação em relação aquilo que era um propósito pelo qual vínhamos a pugnar há muito tempo”, disse hoje, à agência Lusa, João Lobo.
A empresa pública espanhola Enresa, responsável pela gestão dos resíduos radioativos, anunciou na terça-feira o início do processo de concurso para serviços de engenharia destinados ao desmantelamento da central nuclear de Almaraz, situada na província de Cáceres.
De acordo com o programa de operação e desmantelamento de instalações nucleares em Espanha, incluído no VII Plano Geral de Resíduos Radioativos, as datas de cessação de funcionamento das Unidades I e II de Almaraz estão previstas para novembro de 2027 e outubro de 2028, respetivamente.
A partir destas datas, será aberto um prazo de três anos para realizar a transferência de propriedade da central, atualmente nas mãos da Iberdrola, Endesa e Naturgy, para a Enresa para tratar de aspetos do desmantelamento, cujo prazo decorre nos 10 anos seguintes, ou seja, entre 2030 e 2041.
O presidente da Comunidade Intermunicipal da Beira Baixa (CIMBB), que também é presidente da Câmara de Proença-a-Nova, sublinhou que a decisão de desmantelamento da central nuclear de Almaraz “deixa-nos muito contentes”.
“Além da hipótese de surgir um problema de radioatividade que afetaria os espanhóis e também a nós [população portuguesa raiana], para o rio Tejo é também uma boa notícia”, sustentou João Lobo.
A central de Almaraz atingiu 17.000 gigawatts-hora (GWh) de produção bruta em 2023, o terceiro melhor valor histórico desde o início da sua operação comercial, em 1983, e os seus indicadores de fiabilidade e estabilidade das operações colocam-na na categoria mais alta da Associação Mundial de Operadores Nucleares (WANO).
A central de Almaraz está situada junto ao rio Tejo e faz fronteira com os distritos portugueses de Castelo Branco e Portalegre, sendo Vila Velha de Ródão a primeira povoação portuguesa banhada pelo Tejo depois de o rio entrar em Portugal.
Em operação desde 1981 (operação comercial desde 1983), a central está implantada numa zona de risco sísmico e apenas a 110 quilómetros em linha reta da fronteira portuguesa.
O Governo espanhol renovou a licença de exploração para os Grupos I e II da central de Almaraz, em julho de 2020, prorrogando-a até 01 de novembro de 2027, e 31 de outubro de 2028, respetivamente.
Os proprietários da central de Almaraz são a Iberdrola (53%), a Endesa (36%) e a Naturgy (11%).
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