A Universidade de Aveiro (UA) revelou hoje que está a proceder ao restauro da vegetação autóctone e eliminação da erva-das-pampas na marinha Santiago da Fonte, de que é proprietária.
“A ação vai não só melhorar as condições de visitação da marinha (ou salina), mas promoverá ainda a biodiversidade, podendo servir de exemplo para outras áreas costeiras onde os problemas sejam semelhantes”, salienta uma nota de imprensa da UA.
Os trabalhos estão a ser realizados no âmbito do projeto Pampitup, financiado pelo Fundo Ambiental através da rubrica intervenções para o controlo da erva-das-pampas (Cortaderia selloana) em Portugal continental.
O controlo da erva-das-pampas no campus da Universidade de Aveiro, em zonas marginais à Ria de Aveiro, está a cargo de investigadores do CESAM & do Departamento de Biologia da UA, e contam ainda com a participação do consórcio “Ecolução”.
“As salinas são importantes habitats sobretudo para muitas espécies de aves que aí se alimentam ou nidificam e a marinha Santiago da Fonte situa-se numa zona limítrofe da Zona de Proteção Especial (ZPE) da Ria de Aveiro”, explica a nota.
A margem leste estava totalmente coberta de plantas invasoras, sobretudo de erva-das-pampas, tendo servido durante décadas como zona de despejo de lixo, desde plásticos a resíduos de construção.
Numa primeira fase, foi feito um corte seletivo das espécies invasoras, com destaque para a erva-das-pampas, mas outras invasoras foram também incluídas na ação, “pela presença abundante e coincidente no terreno, como as canas (Arundo donax) e a erva-de-santiago (Delairea odorata), que recentemente têm vindo a ocupar uma extensão considerável”.
“Todas as espécies de árvores presentes e que estavam cobertas pelas ervas-das-pampas foram mantidas e podadas, uma vez que fornecem abrigo e alimento para as aves, mamíferos e insetos”, descrevem as coordenadoras do projeto, Paula Maia e Olga Ameixa.
Entre essas árvores, as investigadoras destacam as tamargueiras (Tamarix africana), típicas da região que, para além do enquadramento paisagístico, irão ajudar a controlar as plantas invasoras.
Após o corte seletivo foram realizadas três fases de sementeira com misturas biodiversas, onde se incluem leguminosas e gramíneas, bem como a plantação de árvores de espécies nativas adaptadas ao habitat. “Estas irão competir com a erva-das-pampas, impedindo o seu desenvolvimento”, afirmam.
O objetivo da intervenção é “regenerar o coberto vegetal com espécies promotoras da biodiversidade que valorizem o espaço”.
“Este tipo de intervenção não recorre à utilização de maquinaria pesada que, para além de possuir custos elevados, contribui para a degradação do solo e destruição das espécies nativas”, esclarecem ainda as investigadoras.
A charca que existia no local manter-se-á e será criado um percurso pedestre no espaço anteriormente ocupado pela ervas-das-pampas, valorizando as visitas às marinhas.
“Os observadores de aves e fotógrafos de natureza e paisagem frequentadores desta marinha, das poucas ainda em atividade na Ria de Aveiro, terão assim melhores condições para a sua atividade e fruição do espaço”, referem.












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