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Traçado da alta velocidade sem “alternativa razoável” para Anadia  

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A presidente da Câmara de Anadia defendeu hoje que o traçado da linha ferroviária de alta velocidade não tem alternativas razoáveis para o seu concelho, cortando-o a meio e trazendo prejuízo para habitantes, empresários e paisagens.

“Neste momento não há alternativa que seja razoável, ou, pelo menos, que nós consideremos que seja razoável para o município de Anadia. Este é um investimento que não se entende: como é que vai haver dinheiro para pagar um investimento destes, com um objetivo que será ligar o Porto a Lisboa reduzindo os tempos de percurso, mas forçando paragens em Aveiro e Coimbra e, portanto, com aumento de tempos de percurso”, criticou Teresa Cardoso.

De acordo com a autarca, em cima da mesa estão três alternativas e cada um dos possíveis traçados da nova Linha de Alta Velocidade Porto – Lisboa “acarreta um conjunto de impactes para o território e habitantes do concelho de Anadia”.

“As várias alternativas apresentadas têm algumas perturbações ou alterações, não só em termos ambientais, quer na alteração da morfologia dos solos e prejuízo que vai trazer para todas as linhas de água, para a fauna e flora, alterando a nossa paisagem. As propostas têm de ser analisadas nos prejuízos que possam advir – e falamos na componente social”, alertou.

A consulta pública do estudo de impacte ambiental referente ao estudo prévio da nova linha de alta velocidade entre Porto e Lisboa, no troço compreendido entre Aveiro (Oiã) e Soure, encontra-se a decorrer até ao dia 31 de julho.

O estudo prévio da nova linha de alta velocidade Porto-Lisboa apresenta três alternativas de traçado para atravessamento do concelho de Anadia, abrangendo as freguesias de Sangalhos, S. Lourenço do Bairro, Vilarinho do Bairro, União das Freguesias de Amoreira da Gândara, Paredes do Bairro e Ancas, União das Freguesias de Arcos e Mogofores e União das Freguesias de Tamengos, Aguim e Óis do Bairro.

Em declarações à agência Lusa, Teresa Cardoso destacou que um dos corredores passa por cima de muitas casas, “alterando ou destruindo o sonho de uma vida”, para além de provocar “um corte de algumas vias principais”.

“Depois temos outras alternativas que, obviamente, alteram por completo também a nossa paisagem e que vêm destruir efetivamente grandes investimentos que foram feitos ao longo dos anos, nomeadamente no setor vitivinícola, com a construção de novas infraestruturas, novas adegas e forte aposta no enoturismo”, indicou.

A autarca aludiu ao facto de o setor vitivinícola vir a ser afetado, com perda de quintas de vinho da Bairrada, “prejudicando proprietários, mas mexendo também com a questão da empregabilidade”.

“O município teve em cima da mesa dois traçados, que num determinado ponto acabam por se sobrepor. E a nossa pergunta foi sempre: porque é que não havia um reaproveitamento daquilo que era o traçado da Linha do Norte?”, questionou.

Segundo a presidente da Câmara de Anadia, o trajeto da linha de alta velocidade chega “a aproveitar aquilo que existe da Linha do Norte em determinados troços”, no entanto, tal não acontece quando atravessa o concelho de Anadia.

“Ele desvia-se totalmente daquilo que é o traçado da Linha do Norte e corta o nosso território a meio. Apresentaram-nos uma variante encostada à autoestrada, que, na verdade, é prejudicial para as populações, para os lugares e para o desenvolvimento económico do concelho”, lamentou.

O troço entre Oiã (Oliveira do Bairro) e Soure da futura linha de alta velocidade que vai ligar Lisboa ao Porto deverá implicar um investimento de 1,3 mil milhões de euros, segundo resumo não técnico do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) encomendado pela Infraestruturas de Portugal (IP).

Este troço é o lote B da ligação entre Porto e Soure (a consulta pública do EIA do lote A, Porto-Aveiro, já terminou), que corresponde à primeira fase da linha de alta velocidade Porto-Lisboa, que deverá arrancar em 2029.

Para além da linha de alta velocidade, o projeto contempla ainda a duplicação da linha do Norte entre Taveiro e Coimbra e a ampliação da estação ferroviária de Coimbra-B.

O projeto atravessa os concelhos de Pombal, Soure, Condeixa-a-Nova, Coimbra, Cantanhede, Mealhada, Anadia, Oliveira do Bairro e Aveiro, estando dividido entre três trechos (sul, centro e norte), em que são propostas várias alternativas para cada um dos percursos.

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