Leiria

Projeto GiraComigo desenvolveu competências da comunidade cigana em Leiria

0

A InPulsar – Associação para o Desenvolvimento Comunitário terminou o projeto GiraComigo, que visou desenvolver competências sociais e emocionais num bairro de comunidade cigana, em Leiria.

Financiado pelo programa Cidadãos Ativ@s (Activ Citizens Fund), o projeto iniciou-se em junho de 2021 e teve como público-alvo 40 crianças, jovens e adultos, residentes no Bairro Social Cova das Faias, na União de Freguesias Santa Eufémia e Boa Vista, no concelho de Leiria.

“Este é um complemento do projeto ‘Giro Ó Bairro’, dirigido para trabalharmos competências sociais e pessoais e mobilizar alguns dos saberes da comunidade cigana”, com vista à promoção da “inclusão social das crianças, jovens e adultos ciganos, através de oficinas para o desenvolvimento de competências socioemocionais” e a “dinamização de espaços de participação cívica”, afirmou à Lusa a presidente da InPulsar, Lisete Cordeiro.

Tendo como objetivo “aumentar o seu sucesso escolar e profissional, fomentar uma maior participação na comunidade maioritária e reduzir o estigma associado às comunidades ciganas”, o GiraComigo envolveu a Escola de Emoções, que desenvolveu sessões na área das competências emocionais, e a Ribalta Ambição, uma associação cigana, que também desenvolveu algumas oficinas.

Lisete Cordeiro considerou uma mais-valia o envolvimento da associação cigana, que funciona como modelo de pessoas da mesma etnia. “Por vezes, dizem: ‘vocês não são ciganos, não sabem as dificuldades’. Virem outras pessoas que vivenciam as mesmas dificuldades, mas que partilham que se seguir a escola não se perde a identidade cigana tem um papel importante para os mais novos”, destacou a presidente da InPulsar.

Segundo esta técnica, procuraram passar a mensagem de que é possível “valorizar a cultura cigana e dar-lhe mais força” na escola e “não se deixa de ser cigano por continuar na escola”, à semelhança do que sucede com os elementos da associação Ribalta Ambição, que “são quase todos licenciados”.

O balanço do GiraComigo é “positivo”.

“Para já, ficam os produtos, como as caixas flamencas que fizemos com eles e que servem para continuar a trabalhar a música, uma questão que valorizam. Também ficam estas aprendizagens com as crianças e jovens e todo o trabalho que foi feito de capacitação dos próprios moradores do bairro”, disse.

O projeto permitiu também dotar a comunidade de “maiores competências de literacia, de os ensinar a trabalhar com o telemóvel ou com os computadores”, explicou Lisete Cordeiro, ao salientar que a “maioria dos participantes valorizaram e passaram a ser mais assíduos”.

“Percebemos que gostam de atividades práticas, de fazer construção e fizemos um mural no Dia Internacional do Cigano. Esta atividade também trabalhou competências, como escolher, participar e serem eles próprios a identificarem o que pretendem para o bairro, onde querem as coisas, o que querem, que são competências de cidadania importantes para outros contextos que não a vivência no bairro”, salientou.

Lisete Cordeiro contou ainda que “outro dos grandes objetivos era capacitar para uma cidadania inclusiva e para pensarem o bairro”.

Por isso, numa atividade desenvolvida com o ‘coletivo til’, foi trabalhada a questão da identidade e de melhorar o espaço do bairro.

“Cada agregado familiar escolheu uma imagem que o caracterizasse e depois construíram em madeira placas que colocarem nas suas casas com a sua identidade”, revelou a presidente da InPulsar.

“Este foi um projeto com várias atividades, que nos permitiu desenvolver uma série de competências e a integração. Mais importante do que estarmos no bairro é eles poderem sair desde pequenos”, constatou, apontando como uma das medidas importantes a frequência no pré-escolar, para evitar que o contacto com crianças não ciganas se verifique só aos seis anos, quando entram no 1.º ciclo.

No final do projeto, a InPulsar pediu à comunidade para perceberem quais as suas necessidades para que possam centrar futuros projetos no maior interesse da população cigana.

“Por vezes, desenhamos projetos e com aquilo que achamos que é melhor e esquecemo-nos de os envolver”, assumiu Lisete Cordeiro.

Esta associação de Leiria trabalha no Bairro da Cova das Faias desde 2013, quando iniciou o seu projeto inaugural: Giro Ó Bairro.

Notícias do Centro | Lusa

Míni Aldeia Natal e neve três vezes por dia nas festas natalícias de Viseu

Notícia anterior

Aveiro: Prisão para traficantes da “Barba Ruiva”

Próxima notícia

Também pode gostar

Comentários

Comentários estão fechados

Mais em Leiria