O presidente da Câmara de Ourém, Luís Albuquerque, alertou para um agravamento da falta de médicos de família no concelho, o que se reflete “em mais de 10 mil utentes” sem aqueles profissionais.
“Neste momento, há um agravamento da falta de médicos, traduzindo-se num aumento dos números de utentes oureenses sem médico de família, na grande maioria das freguesias do concelho, refletindo-se em mais de 10 mil utentes sem médico de família, mais de 20% da população total do concelho”, afirma Luís Albuquerque, numa declaração apresentada na segunda-feira em reunião do executivo municipal e hoje divulgada.
No documento, sobre a saúde neste concelho do distrito de Santarém, o autarca social-democrata refere que “estes números têm vindo a ser ocasionalmente supridos, de modo sempre temporário e precário, através de médicos contratados através de empresas, originando instabilidade no estado da prestação dos cuidados de saúde nestes locais e nunca havendo uma solução definitiva para estas situações”.
“Recentemente, soubemos os resultados do concurso de 1.ª época dos recém-especialistas de Medicina Geral e Familiar, onde existiam duas vagas para o concelho de Ourém e que ficaram ambas por preencher, notícia que não ajudará a reverter este estado”, reconhece Luís Albuquerque, adiantando que, resultado do concurso de mobilidade, “mais um médico irá sair do concelho brevemente, agudizando mais este cenário”.
Segundo Luís Albuquerque, o contacto da Câmara de Ourém com o Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Médio Tejo “tem sido permanente”, para inverter esta situação.
A autarquia também disponibilizou “todas as condições para que mais médicos” possam trabalhar no concelho.
Acrescentando que vai ter uma reunião na quinta-feira com o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Sales, o presidente do município quer explicar “o panorama do concelho de Ourém, onde há excelentes condições nas instalações e edifícios para a prestação dos cuidados de saúde de proximidade”, mas “não há médicos para suprir as carências”, pelo que “será necessária uma resposta do Governo para esta situação, tão brevemente quanto possível, face ao ponto crítico que atualmente se verifica”.
“É bom recordar que somos o maior concelho do Médio Tejo, agora ainda mais reforçados depois de conhecidos que são os números dos Censos de 2021. O concelho de Ourém não tem um hospital, há um crescimento do número de utentes sem médico de família, havendo uma deterioração dos serviços prestados no concelho, situação que é urgente intervir”, defende.
À agência Lusa, Luís Albuquerque admitiu que esta é uma “matéria cíclica, mas que nos últimos tempos se tem vindo a agravar com a aposentação de alguns médicos, a baixa de outros e com mais uma mobilidade prevista para breve”.
“Temos recebido queixas de pessoas que se deslocam às extensões de saúde e estão encerradas”, declarou.
Referindo-se depois a uma campanha do Hospital Distrital de Santarém com o ACES Lezíria para sensibilizar a população para a necessidade de apenas recorrer às urgências hospitalares em situações de doença urgente, o autarca destacou que “as pessoas vão ao centro de saúde e não há resposta”.
“Uma das razões que contribui para que médicos se fixem no concelho é a melhoria das instalações de trabalho. Temos vindo a fazer um esforço enorme nessa matéria”, garantiu, exemplificando com a requalificação de três extensões de saúde a que se vai seguir mais duas.
Sobre a reunião com o governante, Luís Albuquerque disse esperar que “possa ser encontrada uma solução”, sustentando que o “concelho de Ourém tem de ser tratado como um concelho desta dimensão”.
De acordo com os resultados provisórios dos Censos 2021, divulgados em julho pelo Instituto Nacional de Estatística, Ourém tem 44.576 habitantes.
Comentários