Os vereadores do PSD e PS na Câmara Municipal da Guarda chumbaram hoje, na reunião quinzenal do executivo, a contração de um empréstimo, de longo prazo, de cerca de seis milhões de euros.
A proposta tinha sido apresentada pelo movimento independente ‘Pela Guarda’, que governa em maioria relativa, e destinava-se a financiar vários projetos candidatados ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), como a construção de 51 fogos de habitação acessível no Bairro da Fraternidade e de uma residência de estudantes.
A remodelação do edifício da antiga Associação Comercial da Guarda para acolher o Comando Sub-regional das Beiras e Serra da Estrela da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil era outra intervenção a financiar com este empréstimo.
A Câmara da Guarda pretendia também a reabilitação de cinco imóveis no centro histórico para habitação social e adquirir seis lotes de terrenos num bairro periférico da cidade para habitação a custos controlados.
Adelaide Campos, vereadora do PS, justificou o voto contra e disse que o município “não pode regressar ao drama do passado” e contrair empréstimos quando “não tem uma linha estratégica e cada dia está-se a pedir para sua coisa”.
“Ora, não há dinheiro para tudo”.
A socialista acusou ainda o presidente Sérgio Costa de “insistir em endividar a Câmara da Guarda” e afirmou que a maioria independente “não vai ser capaz de fazer tudo o que candidatou ao PRR em dois anos”.
O social-democrata Carlos Chaves Monteiro defendeu que a autarquia deveria pedir um adiantamento “de 25 ou 50 por cento” ao IHRU [Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana] do valor da comparticipação, cerca de sete milhões de euros, no caso do Bairro da Fraternidade, em vez de recorrer à banca.
“Contrair empréstimos é sempre onerar as gerações futuras. Neste caso em concreto, é prejudicial às contas e à gestão municipal”, considerou, afirmando que o presidente “está obcecado por empréstimos.
Perante o chumbo do empréstimo, Sérgio Costa disse que a oposição acabou de “colocar em causa as contas da Câmara, porque é preciso este montante para fazer face aos compromissos futuros do município”.
“Espero que estejam cientes de que, com esta votação, as contas do município poderão ainda ficar mais depauperadas”, alertou o autarca, acrescentando que o pedido de empréstimo de cerca de seis milhões de euros permitiria “fazer face a investimentos muito importantes para a Guarda”.
“Com este chumbo, a Guarda pode perder 33 milhões de euros de apoios do PRR e de outros fundos”, disse Sérgio Costa, para quem PS e PSD “já estão a pensar nas autárquicas”, ao chumbarem este pedido de empréstimo.
Este é o terceiro pedido de empréstimo chumbado este ano pela oposição na Câmara da Guarda. Em abril, PS e PSD votaram contra a contração de 7,6 milhões de euros para investimentos municipais.
Dois meses depois, a oposição chumbou outro pedido de empréstimo de 17 milhões de euros.
Comentários