O presidente da Câmara de Leiria, Gonçalo Lopes, defendeu hoje a correção na distribuição de médicos e pediu um sistema solidário ao comentar a preocupação de um autarca sobre a possível sobrecarga da maternidade de Coimbra.
“O hospital de Leiria serve uma população de, aproximadamente, 400 mil habitantes, o de Coimbra serve 420 mil. Atualmente, temos 13 médicos especialistas de obstetrícia e ginecologia, e eles têm 90. E, portanto, como é óbvio, se existe um desequilíbrio no que diz respeito à distribuição de médicos, é demais evidente que isto tem de ser corrigido com um sistema que seja solidário”, afirmou à agência Lusa Gonçalo Lopes.
O também presidente da Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria (CIMRL) acrescentou que o sistema, além de solidário, deve permitir que “os hospitais com mais recursos ou não os roubem em Leiria ou então que sirvam de suporte àquilo que é uma necessidade que ultrapassa a dimensão regional de Coimbra e que abarque, nomeadamente, Leiria, Aveiro e outros”.
O vice-presidente da Câmara de Coimbra, Francisco Veiga, mostrou-se hoje preocupado com a possível sobrecarga da maternidade de Coimbra, face ao encaminhamento de utentes de outros pontos do país.
O fecho de urgências de obstetrícia noutros pontos da região Centro, como Leiria ou Aveiro, tem gerado preocupação à Câmara de Coimbra, que teme que essas medidas possam vir “a comprometer os serviços prestados” pelos serviços de saúde públicos da cidade, afirmou à agência Lusa Francisco Veiga, que tem a pasta da saúde no município.
“A capacidade de Coimbra estava ajustada a um determinado volume. Ainda não temos nenhum reflexo, mas temos de atuar antecipadamente”, salientou o vice-presidente da autarquia, que é professor catedrático na Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra e militante do PSD.
Gonçalo Lopes declarou que Leiria precisa “de 25 médicos” obstetras, referindo que dos 13 há muitos, “pela idade, já não fazem urgências”.
“O sistema torna-se incomportável se não tivermos um reforço de médicos, nomeadamente, através da abertura de vagas em Leiria e que não haja concorrência dos hospitais centrais que estão a secar o sistema nacional de saúde e, sobretudo, demonstram, também, uma falta de coesão e de solidariedade que tem de existir em vasos comunicantes, como é o sistema nacional de saúde”, disse o presidente do município de Leiria.
Para o autarca socialista, “no futuro, uma preocupação acrescida relativamente àquilo que é a colocação de médicos deve ter em atenção esta realidade no que diz respeito sobretudo ao território que vai desde Lisboa até Leiria, que ficou por demais evidente este verão, que tem muitas dificuldades em períodos críticos”.
O vice-presidente da Câmara de Coimbra adiantou que já alertou a Unidade Local de Saúde (ULS) de Coimbra para a situação.
“Não há falta de médicos, muito menos de obstetras e ginecologistas. Eles não estão é no SNS [Serviço Nacional de Saúde]”, disse, salientando que não há falta de médicos – “isso é uma falácia”, mas sobretudo, outras condições remuneratórias que possam atrair os médicos para o Serviço Nacional de Saúde.
A urgência ginecológica/obstétrica do Hospital de Santo André, em Leiria, esteve fechada de 02 a 19 de agosto, situação que a Unidade Local de Saúde da Região de Leiria (ULSRL) justificou na ocasião com a “falta de recursos humanos”.
“Este encerramento já estava programado de forma a dar uma resposta consistente às utentes e grávidas da ULSRL até ao final do presente ano e foi articulado com a ULS de Coimbra”, adiantou.
Naquele período, as grávidas da região de Leiria com partos programados poderiam escolher entre ser encaminhadas para Coimbra ou Porto.
Segundo a ULSRL, “as utentes e grávidas da área de influência da ULSRL deverão ligar previamente para a Linha SNS Grávida – 808 24 24 24, para serem encaminhadas, antes de se deslocarem para qualquer unidade de saúde”.
Posteriormente àquelas datas, aquela urgência fechou outros dias.
A CIMRL integra os municípios de Alvaiázere, Ansião, Batalha, Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos, Leiria, Marinha Grande, Pedrógão Grande, Pombal e Porto de Mós.
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