Uma nova empresa municipal em Leiria criada para gerir as quatro salas de espetáculos da autarquia foi uma decisão tomada na sequência de uma imposição legal, mas a Câmara acredita que trará “ganhos de eficiência e proximidade”.
A Empresa Municipal Teatro José Lúcio da Silva entrou em atividade no primeiro dia de 2025, assumindo a gestão do próprio Teatro José Lúcio da Silva, do Teatro Miguel Franco, da Black Box e, fora da cidade, do Cineteatro de Monte Real.
Segundo a vereadora da Cultura, Anabela Graça, “o Regime Jurídico da Atividade Empresarial Local (RJAEL) impõe que as autarquias devem adequar as suas participações societárias aos casos previstos na lei”, o que não acontecia em pleno com a anterior gestão.
Essa remetia para 1967, “por ocasião da escritura de doação [pelo empresário José Lúcio da Silva], não só do edifício, mas de uma universalidade de direitos e obrigações”, detalhou à agência Lusa a responsável autárquica.
Um estudo de viabilidade económico-financeira encomendado pelo município para adequar a gestão ao RJAEL “apontou a criação de uma empresa municipal como solução”.
Mas, apesar de a nova empresa municipal nascer de uma imposição legal, “o público é o maior ativo do teatro” e “foi a pensar nas pessoas que se optou por uma empresarialização com base no referido estudo técnico”.
“Pretende-se uma autonomia gestionária com ganhos de eficiência e proximidade, quer com o público, quer com os agentes culturais locais”, salientou.
A autonomia que a empresa municipal permite trará “uma maior desburocratização da atividade”, porque “o centro de decisão se afigura mais ágil” e, com isso, haverá “manifestos impactos na eficiência e eficácia da execução da atividade”.
Em todo o caso, a mudança da gestão das salas para a Empresa Municipal Teatro José Lúcio da Silva “não deverá ser sentida pelo público”, exceto no período inicial de transição e na venda de bilhetes.
“A existência de uma bilheteira própria permite uma ligação direta ao canal de vendas, o que dá segurança a quem connosco se relaciona. Queremos consolidar a proximidade que já nos caracteriza”, prometeu Anabela Graça.
Sem alterações fica “a matriz da programação das salas” de Leiria, “o único concelho do país com duas candidaturas à Rede de Teatros e Cineteatros Portugueses aprovadas para a mesma entidade de gestão”, o que “dá consistência e motivação à programação e responsabiliza e compromete”, realçou.
Também a nível da relação com os agentes culturais locais, regionais, nacionais e internacionais se mantém sem alterações.
“Vão continuar a contar com uma estrutura de acolhimento e que os desafia a serem disruptivos nos projetos que nos apresentam, para que os mesmos possam integrar as nossas candidaturas”, afirmou a vereadora.
Em Leiria, pretendem-se coproduções que integrem “candidaturas que inquietam os avaliadores e observadores da programação nacional”, o que exige “ter como parceiros de criação artistas que consigam trabalhar a diferenciação do produto cultural”, concluiu Anabela Graça.
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