A ministra da Saúde afirmou hoje, no Porto, em relação às quatro greves anunciadas no setor, que o Governo “sempre esteve disponível para dialogar” com os sindicatos, mas salientou que “não há coincidências” em relação ao ‘timing’ do anúncio dos protestos.
“Parece que de setembro para outubro todo o Serviço Nacional de Saúde (SNS) que estava com uma resposta extraordinária, está agora a claudicar, é preciso que as pessoas percebem lá em casa que estamos num contexto específico [discussão do Orçamento do Estado] em que é o momento em que as pessoas normalmente apresentam as questões que têm para apresentar e, naturalmente, os governos tentam responder na medida daquilo que são as possibilidades do país”, afirmou Marta temido.
Após a apresentação do OE2022, médicos, enfermeiros, técnicos de emergência e farmacêuticos anunciaram greves para outubro e novembro.
No final da sessão de abertura de uma conferência de homenagem ao ex-diretor clínico do Centro Hospitalar Conde Ferreira, António Fernandes da Fonseca, para assinalar o centenário do seu nascimento, a ministra realçou que “o Governo faz uma gestão daquilo que são as prioridades políticas para as quais foi designado pelo país”.
“Compreendemos que muitas das aspirações e reivindicações profissionais tenham estado contidas durante este período em que estivemos concentrados na resposta à pandemia e que estejam agora a surgir todas ao mesmo tempo, mas também é importante dizer que não há coincidências”, afirmou.
“É um facto que há questões que são colocados pelos profissionais de saúde que todos reconhecemos há muito tempo, que estamos todos de acordo quanto ao diagnóstico”, disse, ressalvando que “é necessário avaliar a disponibilidade que existe enquanto país para atender a todas as revindicações ao mesmo tempo”.
A ministra sustentou: “Não estamos a falar de não atender as reivindicações, estamos a falar do ritmo ao qual elas podem ser respondidas e da conjugação dessas mesmas respostas”.
Marta Temido ministra ressalvou que “ao longo dos últimos meses, mesmo durante as fases de confinamento, o Ministério da Saúde, através do secretário de Estado Adjunto e da Saúde, que acompanha a área dos recursos humanos, teve diversas reuniões de trabalho com as associações profissionais, com as ordens profissionais e com as estruturas sindicais”.
“Há outras reuniões de trabalho marcadas ao longo deste mês, com agendas que estão a ser concretizadas, e que esperamos que tragam algumas respostas, sendo certo que nunca desistimos de procurar respostas ao longo deste tempo, que estivemos todos mais concentrados em resolver um conjunto de outros problemas”, salientou.
O Governo “sempre esteve disponível para dialogar e discutir as questões que os sindicatos colocaram, quero ser muito explicita no sentido de dizer que só o secretário de Estado Adjunto e da Saúde realizou mais de 20 reuniões com as estruturas sindicais ao longo do tempo que dura esta legislatura”, referiu Marta Temido.
A questão é que, segundo a ministra da Saúde, “dialogar não significa necessariamente poder dar uma resposta favorável a todo o conjunto de reivindicações, a preocupação do Governo é de tripla natureza, a prioridade são naturalmente as respostas às questões dos utentes, a motivação dos profissionais é uma grande preocupação, o seu desgaste, preocupações e o seu desgaste emocional, mas há também uma preocupação de sustentabilidade financeira do SNS que temos que ter e não podemos esquecer”.
Já hoje, também o secretário de Estado da Saúde, Diogo Serras Lopes, repetiu a mensagem que foi passada pela ministra, ao considerar que “não há nada de particularmente diferente” com os atuais anúncios de greve em diversas classes profissionais do setor, assumindo ainda não ter visto os cadernos reivindicativos. Por outro lado, relacionou o momento com uma “distensão” no combate à pandemia de covid-19.
“Quando se diminui a pressão da pandemia é normal que voltemos a negociações e reivindicações, algumas já eram bastante antigas e, portanto, digamos que é a vida política a voltar à sua normalidade, o que não deixa de ser algo pelo qual também ansiamos”, disse o governante à margem da inauguração do LM-Laboratório Nacional do Medicamento (que sucede ao Laboratório Militar de Produtos Químicos e Farmacêuticos), em Lisboa.
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