O candidato do Bloco de Esquerda (BE) à Câmara de Coimbra defendeu hoje a criação do Roteiro da Resistência e da Democracia, em torno dos locais associados à história da luta pela liberdade no concelho.
“Os roteiros turísticos vão sempre para o mesmo lado e com a mesma visão passadista de Coimbra e não valorizam suficientemente essa outra dimensão que é a da Coimbra transgressora, a da Coimbra inconformista, a da Coimbra lutadora pela liberdade”, afirmou José Manuel Pureza.
O candidato falava à agência Lusa junto à antiga sede da PIDE (polícia política do Estado Novo), que é hoje um ‘hostel’, na rua Antero de Quental.
O roteiro seria feito em torno da “tradição de resistência e tradição de luta pela democracia”, em contraponto com a imagem da tradição que normalmente está associada a Coimbra, disse.
Nesse roteiro, seriam assinalados “diversos pontos simbolicamente muito importantes”, como a antiga sede da PIDE, mas também a antiga Casa dos Estudantes do Império, na avenida Sá da Bandeira, ou os cafés onde “fervilhavam grupos de debate e de aprendizagem política, a maior parte das vezes com uma dimensão quase de clandestinidade e onde pontuavam vultos muitíssimo importantes de várias gerações de resistência”, aclarou.
Além do roteiro, o Bloco de Esquerda propõe ainda que se crie, no futuro, um centro interpretativo para “dar alguma consistência a estes pontos de um percurso”.
“Tomáramos nós estar nessa fase de discussão em que se falasse de outra desenvoltura do projeto, mas para já é o roteiro e isso já seria muito importante”, vincou.
Segundo o cabeça de lista do BE à Câmara de Coimbra, a proposta traria para o espaço público e até para a atividade turística que acontece em Coimbra “essa componente que existe em tantas outras cidades da Europa”, com um percurso que “assinale os diversos lugares em que essa memória de resistência tem expressão especial”.
“Coimbra tem essa dimensão, tem esse património e nós aqui estamos a lutar para que esse património seja um património dignificado, conhecido, pedagogicamente disponível para as várias gerações e associado, se necessário for, aos roteiros turísticos”, disse.
Para José Manuel Pureza, a narrativa à “monocultura do turismo” e aos jovens que passam pela cidade “é esse monopólio sobre Coimbra que a encosta a um conjunto de tradições – todas elas construídas e muitas delas construídas há muito poucos anos – que dão a esta cidade uma imagem que não incorpora dimensões tão importantes” como o seu passado de resistência.
Além de José Manuel Pureza, são candidatos às eleições de domingo o atual presidente da Câmara pela coligação Juntos Somos Coimbra (PSD/IL/CDS-PP/Nós, Cidadãos!/PPM/MPT/Volt), José Manuel Silva; a ex-ministra Ana Abrunhosa, pela Avançar Coimbra (PS/Livre/PAN); o vereador Francisco Queirós, pela CDU (PCP/PEV); Maria Lencastre Portugal, pelo Chega; Sancho Antunes, pelo ADN; e Tiago Martins, pela Nova Direita.
O atual executivo é composto por seis elementos da coligação Juntos Somos Coimbra, quatro do PS e um da CDU.
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