O cabeça de lista da coligação Avançar Leiria (BE/Livre/PAN) à Câmara de Leiria, José Peixoto, assumiu hoje preocupação com a perda de 30% da água da rede e reclamou uma intervenção para resolver o problema no concelho.
“Nesta campanha falou-se muito de mobilidade, muito de habitação – e são dois problemas graves do concelho e a nível nacional. Mas esquecemos aquilo que nos permite viver dentro das casas: a água e o ambiente”, disse, no início de mais um dia de campanha para as autárquicas da coligação que junta Bloco de Esquerda, Livre e PAN – Pessoas – Animais – Natureza.
A água, sublinhou, é uma das bandeiras da candidatura que lidera.
“Acho incrível que neste debate todo ninguém tenha falado neste problema: temos condutas que deixam fugir [cerca de] 30% da água. Já houve algum investimento, porque era muito mais [a perda], mas neste preciso momento 33% da água tratada desaparece”, lamentou.
José Peixoto considerou este “um problema gravíssimo” e reclamou intervenção municipal para detetar a origem e avançar com uma solução.
“Mas isto, logicamente, tira votos, porque abre buracos, não é agradável. É fazer o que ninguém gosta de fazer. Há condutas com dezenas e dezenas de anos, de não muito bom material, e é preciso pô-las a funcionar e resolver esse problema, que é grave, não só para a saúde pública, mas também para o bolso dos leirienses”.
Em Leiria, estão em construção ou anunciados vários hospitais e unidades de saúde privadas, e José Peixoto disse temer que o cenário de debilidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS) se agrave.
“Temos 40 mil utentes que não têm médico de família. Se o ataque [à contratação de médicos] for ainda mais incisivo, poderá ainda mais alguém sair do SNS. Os hospitais privados farão uma guerra entre eles” pelos médicos, antecipou.
Para a coligação Avançar Leiria, é necessária coordenação a nível regional, “por exemplo a nível da Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria”, para conseguir “uma visão integrada, em que todos falam”, desenhando “um projeto atrativo na região” na área da saúde.
Sem medidas por parte do poder público, José Peixoto, que trabalhou como delegado de informação médica, acredita que as unidades privadas “vão andar a tirar [médicos] uns aos outros e ao SNS”.
“Se isto for para a frente, é o fim do SNS. Onde é que as unidades de saúde privadas vão buscar médicos? Eles não nascem das árvores. Não sei o que vai acontecer, mas não vai ser bom para os utentes”.
Ironizando, o candidato espera que a oferta privada se reflita a favor dos utentes.
“Como dizem que é o mercado a funcionar, tenho esperança de que qualquer dia tenha consultas à borla ou que me paguem para ir lá ao hospital. Não auguro nada de bom para o SNS aqui em Leiria”.
Nas autárquicas de 2021, Gonçalo Lopes, que é recandidato, liderou, pela primeira vez, a lista do PS ao município, com o partido a manter oito mandatos e o PSD três. Os vereadores sociais-democratas passaram depois a independentes.
São também, além de José Peixoto, cabeças de lista à Câmara de Leiria nas eleições de domingo Sofia Carreira (PSD), Branca Matos (CDS), Paulo Ventura (IL), Nuno Violante (CDU), Luís Paulo Fernandes (Chega) e Nuno Henriques Barroso (ADN).
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