O Hospital Provincial da Matola, arredores de Maputo, afastou hoje qualquer possibilidade de desaparecimento de um bebé naquela unidade, numa reação a uma denúncia feita na terça-feira por associações locais.
As associações apresentaram em conferência de imprensa o relato de Leila, uma mãe que deu à luz no Hospital Provincial da Matola, onde os profissionais que a assistiram dizem que o bebé morreu.
Mas a mãe relatou aos jornalistas que foi sedada e, nem ela, nem a família, nunca receberam o corpo, após o parto no hospital, em que se queixa de outros maus-tratos.
Segundo a unidade de saúde, tratou-se da morte de um recém-nascido logo após o parto, disse Ana Paula Rodrigues, diretora da unidade, citada hoje pela Rádio Moçambique.
“Após a cesariana houve a extração do nado morto do sexo feminino, que foi removido para a morgue”, referiu a diretora, colocando de lado qualquer hipótese de desaparecimento do bebé, como Leila denunciou.
Segundo Ana Paula Rodrigues, os familiares voltaram ao hospital “para saber do nado morto, levaram a certidão de óbito, mas não fizeram a confirmação” do corpo, tendo regressado dias depois, dizendo que “queriam o bebé que tinha sido roubado”, assumindo que ele lhes tinha sido tirado.
Houve mais visitas da família, mas quando foram à morgue, o corpo “tinha sido removido e seguido os trâmites legais”, disse, sem avançar mais detalhes.
“Desde então, temos tido o acompanhamento de outras instâncias, tanto do Ministério da Saúde, assim como dos serviços provinciais de Saúde” para concluir o processo, acrescentou.
O caso de Leila serviu para ilustrar as queixas de 40 organizações contra vários casos de violência em maternidades do país e suspeitas de tráfico de bebés.
As associações moçambicanas denunciaram casos de violência pré-natal, no parto e pós-parto em unidades hospitalares no país, apelando para uma investigação e responsabilização dos profissionais de saúde envolvidos.
Só em Maputo foram apresentadas às organizações 15 denúncias de maus-tratos e abusos, no último trimestre, “protagonizados por profissionais de saúde contra gestantes, parturientes e puérperas”, sete dos quais foram registados no Hospital Provincial da Matola entre março e julho deste ano, relacionados com violência psicológica, física e cobranças ilícitas, relataram as associações.
A diretora daquele hospital reconheceu haver “alguns casos de mau atendimento”, apelando para a denúncia por parte dos utentes.
De acordo com o último censo populacional, o rácio de mortes maternas é de 452 por 100.000 nados vivos, o que continua a colocar Moçambique entre os países onde as mulheres têm elevado risco de morte durante a gravidez, parto e período pós-parto.
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