O município do Fundão apresentou hoje o Guia para a Integração e Acolhimento de Refugiados, uma ferramenta que parte da experiência de três projetos para orientar e ajudar outras pessoas e entidades que se deparam com as mesmas dificuldades.
Segundo a vereadora com o pelouro da Ação Social na Câmara do Fundão, Alcina Cerdeira, o documento é “uma ferramenta estratégica” que pode ser um apoio importante, com as devidas adaptações, a outros organismos em Portugal ou no estrangeiro.
A vereadora frisou que o Fundão, quando começou a fazer esse trabalho, não tinha nenhum guia, teve de definir as linhas orientadoras à medida que as necessidades foram surgindo e espera que as soluções encontradas e os obstáculos ultrapassados possam servir de inspiração a outros municípios ou entidades.
“Este guia é muito completo para apoiar efetivamente, espelha várias experiências e vai servir como estratégia para outras pessoas. O que nós queremos é que ajude e que inspire outras entidades e a comunidade em geral”, frisou Alcina Cerdeira, em declarações à agência Lusa.
A autarca salientou que não é o guia do Fundão, no distrito de Castelo Branco, porque se baseia, além das experiências de acolhimento no município, também nos casos da AMURT (Ananda Marga Universal Relief Team) no Paul, concelho da Covilhã, e da Polónia.
“É muito importante, porque mostra a eficácia destas abordagens, adaptadas a contextos locais, o que significa que esta metodologia usada no guia também se pode replicar e adequar a outros contextos”, destacou Alcina Cerdeira.
Além de testemunhos de refugiados e do impacto que o conjunto de ações teve no acolhimento, o documento inclui histórias individuais, desafios de aprendizagem e de respeito pelas culturas de cada pessoa, enumerou a vereadora.
O guia elenca também os direitos e os apoios a que a pessoa pode recorrer, como o acesso à saúde, formação, habitação, questões de empregabilidade, inclusão das crianças na escola ou o programa de retorno.
“Um guia é exatamente isso, que sirva de orientação para encontrar soluções para alguns problemas que nós já ultrapassámos, porque nós já fomos construindo e isto pode-se adequar a muitos territórios, a muitos contextos, portugueses e no mundo”, vincou a vereadora.
De acordo com Alcina Cerdeira, o objetivo é “que outros se possam inspirar e segui-lo ou, pelo menos, servir de orientação” para quem trabalha com a inclusão de migrantes, e destacou que o guia “não é uma coisa estanque”.
O concelho do Fundão tem atualmente residentes de 77 nacionalidades e Alcina Cerdeira recordou que o acolhimento por parte do município começou em 2016, com a criação de alojamento para trabalhadores sazonais, e desde 2018 existe uma estrutura para o acolhimento de refugiados, que inclui um “plano de ação holístico”, com um espaço de primeira linha e, em simultâneo, uma equipa multidisciplinar que acompanha as pessoas no processo de autonomização.
O Guia resulta de uma parceria entre a AMURT e o município do Fundão, no âmbito do projeto PAAIR (Plano de Ação para o Acolhimento e Integração de Refugiados), cofinanciado pelo programa Erasmus+.
A apresentação integra as atividades do Dia Internacional das Migrações, que inclui um conjunto de atividades até quinta-feira.
Comentários