O presidente da Câmara da Guarda, Sérgio Costa, afirma que a cidade perdeu “um dos seus filhos maiores”, a propósito da morte de Francisco Pinto Balsemão, que faleceu na terça-feira.
“A Guarda perde um dos seus filhos maiores. A liberdade, o jornalismo e a democracia perdem uma das suas vozes mais nobres. Fica o exemplo, a memória e a gratidão de uma cidade que o reconhece como parte da sua história”, lê-se numa nota de pesar hoje divulgada pelo município.
Francisco Pinto Balsemão era, desde 13 de março de 2023, Cidadão Honorário da Guarda, tendo recebido a Medalha de Honra do município – Grau Ouro, pelos seus feitos “na política, no jornalismo, no empreendedorismo e também pelas ações de solidariedade e de apoio económico da sua família, natural da Guarda”.
“Francisco Pinto Balsemão, fundador do semanário Expresso e líder do Grupo Impresa, foi deputado, ministro de Estado e primeiro-ministro de Portugal, partiu deixando um legado de liberdade, coragem cívica e elevação humanista que muito honra a sua terra de raízes – a Guarda”.
O município lembra que era filho e neto de guardenses, “que contribuíram para o progresso e modernização do concelho”, e que sempre manteve “viva a ligação à ‘Cidade Berço’ da sua família”.
O avô, Francisco Pinto Balsemão, e o bisavô, Francisco António Patrício, empresários de lanifícios, foram responsáveis pela chegada da eletricidade à cidade, no final do século XIX, com a construção de uma central hidroelétrica nas margens do Rio Mondego.
Em 1896, os dois sócios e Evaristo Patrício, tio de Francisco Pinto Balsemão, celebraram com a Câmara da Guarda o contrato de fornecimento de iluminação pública e particular.
A 1 de janeiro de 1899, a Guarda tornou-se a terceira cidade do país a ter luz elétrica proveniente de uma central hidroelétrica.
Em 1902, foram também responsáveis pela instalação da primeira rede de telefones da cidade.
Além da atividade empresarial, o avô de Pinto Balsemão também contribuiu para a publicação de dois jornais republicanos na Guarda, O Povo (1882-84) e O Combate (1904-1931).
“Do seu avô paterno herdou o nome e o espírito livre de jornalista. É também da memória guardense que nasce o nome do grupo Impresa: homenagem à antiga Empresa de Eletricidade da Guarda, fundada pela sua família e conhecida na época apenas por ‘a empresa’, símbolo de inovação e progresso para todo o distrito”, lê-se ainda na nota de pesar.
A Câmara da Guarda lembra também que a família Balsemão doou à comunidade guardense o Solar de Santa Luzia – atualmente ao serviço do Instituto de São Miguel – “como gesto de gratidão pela forte ligação afetiva à Guarda”.
“Num momento de profunda consternação, expresso, em nome do Município da Guarda e em nome pessoal, o mais sentido pesar à família, aos amigos e a todos quantos com ele privaram e trabalharam”, conclui a nota de pesar assinada pelo presidente da Câmara, Sérgio Costa.
O município decidiu hastear as bandeiras do município e de Portugal a meia haste durante os dois dias de luto nacional.
Francisco Pinto Balsemão, antigo líder do PSD, ex-primeiro-ministro e fundador do Expresso e da SIC, morreu na terça-feira aos 88 anos.
O Governo decretou luto nacional para hoje e quinta-feira, dias em que decorrem as cerimónias fúnebres.
O velório de Francisco Pinto Balsemão realiza-se hoje a partir das 18:30 em Lisboa, no Mosteiro dos Jerónimos, e a missa decorre no mesmo local às 13:00 de quinta-feira, sendo a celebração presidida pelo cardeal patriarca de Lisboa emérito, D. Manuel Clemente.
O velório e a missa são abertos ao público, sendo o funeral reservado à família.
Em 1974, após o 25 de Abril, fundou, com Francisco Sá Carneiro e Magalhães Mota, o Partido Popular Democrático (PPD), mais tarde Partido Social Democrata (PSD). Chefiou dois governos depois da morte de Sá Carneiro, entre 1981 e 1983, e foi até à sua morte membro do Conselho de Estado, órgão de consulta do Presidente da República













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