A ESTE – Estação Teatral vai estrear no dia 04 de novembro a terceira parte de uma trilogia dedicada à Avenida da Liberdade do Fundão, cujo último capítulo será dedicado à década de setenta do século XX, foi hoje anunciado por aquela companhia fundanense.
“Avenida”, com o subtítulo ‘Liberdade!’, reúne dramaturgicamente três coordenadas: a situação crítica de isolamento e subdesenvolvimento de um Portugal profundo, rural, nos últimos anos do regime ditatorial (que perdurava há cerca de quatro décadas); as marcas visíveis, as mudanças imediatas do dia 25 de Abril na vila do Fundão, tendo como elemento de referência espacial a Avenida Salazar (que passaria meses depois a intitular-se “da Liberdade”); e, finalmente, o que significou esta rutura para uma família da aldeia do Telhado, na Cova da Beira, a poucos quilómetros da urbe”, é referido em nota de imprensa enviada à agência Lusa.
Segundo a ESTE, a aldeia é apresentada num contexto de uma miríade de outras aldeias vizinhas, “onde a pobreza, o desemprego, o problema da guerra do ultramar, a emigração, a fome, o analfabetismo, a falta de saneamento básico e de condições de saúde colocavam as suas gentes como que num estado praticamente medievo e apático. Seguramente, forjando ‘portugueses de segunda’”.
A peça propõe ainda uma reflexão sobre o que significam, então, conceitos como ‘liberdade’ ou ‘democracia’ para quem não sabia ler ou ingeria álcool para obter calorias para o trabalho ou não tinha tido contacto com os mecanismos de um Estado de Direito e as garantias fundamentais baseadas no chamado Princípio da Dignidade Humana.
O projeto “A Avenida”, iniciado em 2019, procura ser um retrato social e político de um país distante mergulhado em atavismos muitos e debaixo de uma repressão política, moral e social tão profunda que para milhões de pessoas só cabia emigrar, fugir ou morrer, lembra esta companhia do distrito de Castelo Branco.
Com dramaturgia e encenação de Nuno Pino Custódio, num processo de cocriação com Andreia Galamba, Carolina Cunha e Costa, Cuca M. Pires, Samuel Querido (atores) e Dário Cunha, Patrícia Raposo e Pedro Fino (colaboradores criativos), a companhia faz evoluir neste projeto ferramentas com quem tem investigado a sua linguagem, com referência ao teatro total, onde o trabalho do ator e da encenação assume a dimensão central de toda a escrita, buscando uma envolvência com o público realmente centrada na perspetiva de que ‘ver significa estar a ser visto’”, acrescenta.
A primeira apresentação pública está marcada para o Fundão, dia 04 de novembro, com sessões de quinta-feira a domingo, até 21 de novembro, no Casino Fundanense. Depois, o espetáculo seguirá para Castelo Branco, em 03 de dezembro, Almada, em 11 de dezembro, e Guarda, em 13 de janeiro de 2022.
Comentários