As 155 empresas do Norte e Centro ligadas ao setor alimentar realizaram entre 2017 e 2019 investimentos médios de 387.000 euros, num total de 60 milhões de euros, revelou hoje a associação empresarial de Oliveira de Azeméis.
Esta é uma das conclusões do estudo que a Associação Empresarial do Concelho de Oliveira de Azeméis (AECOA) desenvolveu em parceria com a Associação Empresarial de Águeda, no âmbito do programa “Qualify.teca”, que, financiado pelo Portugal 2020, reserva mais de 678.000 euros para o diagnóstico económico-financeiro da fileira de equipamentos, serviços e ingredientes para a indústria alimentar, e também para outras ações destinadas a “intensificar a capacidade tecnológica” do setor, reforçar-lhe competências de inovação e qualificação, e inseri-lo em cadeias de valor internacionais.
A investigação focou-se em empresas de fabrico de máquinas e equipamento industrial, de produção de reservatórios e recipientes metálicos, de criação de ingredientes, condimentos e temperos e de prestação de serviços especializados, como certificação, inspeção e análises laboratoriais.
Os dados recolhidos demonstraram que 68% das 155 firmas registadas na fileira estão sedeadas nos distritos de Aveiro e Porto, que 91% dessas unidades são micro e pequenas empresas e que o investimento global do setor, acumulado ao longo do triénio 2017-2019, foi de cerca de 60 milhões de euros.
“Mas não se tratou de um desenvolvimento linear, pois verificou-se um crescimento notável em 2018, de 33%, seguido de um recuo em 2019, de 20%”, nota o relatório a que a Lusa teve acesso.
Desses 60 milhões de investimento, “quase 96% destinaram-se a ativos fixos tangíveis” como equipamentos de produção, viaturas e edifícios, e uns “residuais 4,2%” aplicaram-se em ativos intangíveis como marcas, software, patentes e licenças.
“O baixíssimo investimento médio anual das microempresas não chegou aos 20.0000 euros”, sublinha, contudo, o mesmo documento.
Já quanto ao volume de negócios global da fileira, em 2019 ficou nos 284,4 milhões de euros, o que representou um aumento de cerca de 34 milhões e 13,7% face a 2017.
“Esta taxa de crescimento está bem acima do crescimento da atividade-cliente (CAE 10 – Indústrias Alimentares), que, no mesmo período, foi de 4,6%”, refere o relatório da AECOA.
Isso significa que, “não obstante algumas debilidades e assimetrias, o conjunto destes setores [tributários] apresenta indicadores de atividade e rendibilidade razoáveis, bem como uma situação financeira que se pode considerar estável”.
O ramo das máquinas e equipamento industrial foi o mais rentável – em 2019 faturou 138 milhões de euros – e seguiu-se o dos reservatórios, com 93 milhões, o dos ingredientes, com 40,7, e o dos serviços com 12,6.
Das mesmas 155 empresas analisadas, 58,1% são exportadoras e, em 2019, faturaram ao mercado estrangeiro 122,7 milhões de euros (42,6% do volume de negócios global da fileira), o que também reflete um crescimento relativamente a 2017, desta vez na ordem dos 16,1%.
O relatório da AECOA realça depois que, “globalmente, 69% do valor dessas exportações se destinou aos países da União Europeia”, com o setor das máquinas a ser “o que apresenta uma distribuição mais equilibrada dos seus negócios em mercados externos”, encaminhando dois terços da produção para a Europa e um terço para outros territórios.
Quanto aos 3.022 postos de trabalho do universo inquirido, “as empresas dos distritos de Aveiro e Porto são responsáveis por quase 85%” desses empregos. Cada firma tem ao serviço uma média de 20 colaboradores, sendo que as fábricas de maquinaria e equipamento frequentemente empregam acima disso, enquanto as unidades de serviços se ficam por cinco funcionários.
O estudo da AECOA indica ainda que “é reduzido o número de empresas da fileira que são beneficiárias de apoios do Portugal 2020”, já que “somente cerca de 25% delas teve projetos aprovados no âmbito do Compete 2020”. Também a esse nível foram as firmas de máquinas e reservatórios a captar mais incentivos: 74% delas beneficiaram desses apoios e cada empresa teve em média 2,5 projetos aprovados.
No quadro específico do Portugal 2020, as empresas beneficiárias foram 38, candidataram projetos com um investimento elegível de cerca de 58,5 milhões de euros e receberam para os 84 projetos aprovados um incentivo global de 30,4 milhões.
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