O fundador e presidente executivo (CEO) da Toscca, Pedro Pinhão, disse à agência Lusa que vai investir cerca de 10 milhões de euros para fabricar uma tecnologia a usar na construção de habitação em madeira.
“É um projeto a concretizar no biénio 2025/26. O objetivo é a comercialização de CLT, porque, neste momento, está a ser importado e, por isso, estamos a estudar um projeto para produzir CLT em Portugal”, anunciou em entrevista à agência Lusa Pedro Pinhão, que fundou a Toscca em 1994 em Oliveira de Frades, distrito de Viseu.
Segundo esclareceu o CEO, “a CLT não é mais do que umas lajes de madeira, é ‘Cross Laminated Timber’” (madeira laminada cruzada, tradução livre), que permite a construção de madeira em andares e a pré-fabricação de habitação em fábrica.
Trata-se da construção em altura, “onde a madeira não entrava e agora graças a uma tecnologia recente, já entra. A chamada CLT que já está a ser largamente utilizada pela Europa fora e nos Estados Unidos da América e nós já usámos cá, mas importada”, disse.
A Toscca aplicou a CLT na “construção de duas salas de aulas para a Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, que foram feitas muito rapidamente” e há outros projetos que a empresa está “a disputar” para realizar no setor industrial em Portugal.
“Este investimento no CLT é de 10 milhões de euros e é sofrível, ou seja, não é uma fábrica ultra, ultra, porque para ser teríamos de triplicar o valor. Mas este é um investimento pensado, porque de outra forma também não há escala nem dimensão”, reconheceu.
A CLT, para além da construção em altura, é também utilizada na unifamiliar, um mercado em que a Toscca está a “explorar muito, o nicho da habitação, uma área com um grande potencial de crescimento”.
“E aqui há duas formas. A chamada chave na mão ou através de kits, em que as pessoas podem fazer elas próprias, pelo menos, a estrutura da casa pode ser feita pelo proprietário, reduzindo o custo de mão-de-obra que encarece muito a habitação”, disse.
No seu entender, ou se “arranjam soluções para os custos de habitação, ou o comum dos mortais, muito proximamente, não consegue viver numa casa corrente, a não ser que seja lá no interior recôndito, porque os preços sobem cada vez mais”.
“Se pré-fabricar com engenharia, a CLT, consigo entregar ao cliente elementos pré montados que, ele próprio pode no seu local fazer instalação e, com isso, baixar o custo e pode ser uma solução para este problema que está a inviabilizar a maior parte das pessoas de comprar casa”, defendeu.
A madeira “é claramente mais sustentável, confortável e uma excelente oportunidade de construir com material sustentável, com consumo baixo de energia na sua manufatura e ainda com um contributo brutal para a retenção de dióxido de carbono”.
“A madeira tem tudo para ser o material das próximas décadas”, apontou Pedro Pinhão que disse ter arrancado esta semana com um novo projeto: “a Aldeia da Marinha, que são várias casas para a Marinha Portuguesa, na Base Naval de Alfeite”, em Almada, distrito de Setúbal.
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