Um edifício romano está a ser revelado no sítio arqueológico do Passal, no Couto do Mosteiro, em Santa Comba Dão, sendo já possível identificar aquela que terá sido a cozinha da casa, anunciou hoje a autarquia.
Numa divisão “perfeitamente delimitada” é possível ver “o piso de circulação, a lareira e vários recipientes de cerâmica de serviço de mesa”, o que impressionou o diretor das escavações, Pedro Matos.
“Algumas das peças vieram de fora da província da Lusitânia, nomeadamente fragmentos de terra sigillata hispânica, proveniente do Vale do Ebro”, explicou o arqueólogo do Centro de Estudos de Arqueologia Artes e Ciências do Património da Fundação para a Ciência e Tecnologia.
Entre os fragmentos encontrados, “há ainda cerâmica de origem regional, possivelmente de Conímbriga – um género de peças conhecida como ‘cerâmica cinzenta fina'”, acrescentou Pedro Matos, que, com um grupo de cinco estudantes de mestrado da Universidade de Coimbra, está a desenvolver a segunda escavação deste ano no Couto do Mosteiro.
No seu entender, esta diversidade permite avançar que, à semelhança do Patarinho, em Óvoa, o sítio do Passal estava inserido num circuito comercial de longa distância. O edifício romano terá sido construído no século I e abandonado no século III ou IV (época do Alto Império Romano).
Segundo a autarquia, “cerca de sete séculos depois, o local conhece novamente ocupação humana, durante a Alta Idade Média”, encontrando-se, num patamar superior ao edifício romano, “as ruínas das fundações de um edifício contemporâneo ao primeiro registo histórico da igreja de Santa Columba (974 da era cristã)”.
O vereador da Cultura, Agostinho Marques, realçou o facto de, neste sítio arqueológico, ser “possível viajar com o olhar, ao longo de praticamente mil anos de ocupação humana deste território”.
Na sua opinião, o trabalho que a equipa de arqueólogos tem desenvolvido no concelho nos últimos anos é fundamental: “cada nova descoberta revela mais um pouco das nossas origens e da nossa história”.
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