A Polícia Judiciária (PJ) revelou hoje que deteve mais um elemento do alegado grupo criminoso desmantelado em maio e que se dedicava ao auxílio à imigração ilegal, corrupção, branqueamento de capitais e falsificação de documentos.
De acordo com um comunicado da PJ, a detenção do homem de 37 anos, sem antecedentes criminais conhecidos em Portugal, ocorreu na quarta-feira e foi realizada pela Diretoria do Centro.
“Foram cumpridos três mandados de busca, sendo que no decurso dos mesmos resultou a apreensão, entre outros, de um enorme acervo de documentação utilizada em processos de legalização irregular de estrangeiros, um veículo automóvel, uma pistola calibre 7,65 mm, munições, dois pares de algemas, coletes táticos e um detetor de metais”.
Foram ainda apreendidos sofisticados equipamentos eletrónicos para copiar/captar códigos de segurança para abertura remota, clonar cartões, um inibidor de sinais de comunicações “jammer”, um binóculo de visão noturna, um minigravador laser (que pode ser usado em falsificações), peças em metal que estavam a ser trabalhadas para conceção do que aparenta ser uma pistola metralhadora, dinheiro em numerário e equipamentos informáticos.
Em maio, a PJ deteve 13 pessoas, sete homens e seis mulheres, entre os quais sete empresários, uma advogada e uma funcionária da Direção-Geral dos Assuntos Consulares e das Comunidades Portuguesas do Ministério dos Negócios Estrangeiros, com idades compreendidas entre os 26 e os 64 anos e sem antecedentes criminais conhecidos.
Na operação da Diretoria do Centro, que intitularam de “Gambérria”, foram realizadas 40 buscas domiciliárias e não domiciliárias em Coimbra, Espinho, Carregal do Sal, Amadora, Odivelas, Loures e Lisboa.
Na altura, o diretor da Polícia Judiciária (PJ) do Centro, Avelino Lima, indicou que o alegado grupo criminoso organizado terá auxiliado milhares de imigrantes ilegais, com a ajuda de “uma toupeira” no Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Os milhares de imigrantes, provenientes “de um país lusófono na América do Sul e do Hindustão”, eram angariados pelo grupo em redes sociais e outros, sendo-lhes dado a conhecer “possibilidades e facilidades”, mediante o pagamento de “um valor significativo”.
“Depois, do lado de cá, havia uma estrutura que fazia todo o trabalho para permitir que esses imigrantes, chegados cá, se pudessem legalizar. Muitos deles nunca chegaram sequer a estar em território nacional, mas tinham documentação de título de residência, com repercussões ao nível fiscal e de segurança social, sendo esta uma realidade preocupante e que tem ganho dimensão cada vez mais grave”, explicou Avelino Lima.
O grupo organizado e com “tarefas bem claras” terá começado a atuar no início de 2022, tendo sido criadas empresas de consultadoria para este fim.
Entre os serviços pelos quais os imigrantes pagavam figuravam a obtenção de contratos de trabalho, Número de Identificação Fiscal (NIF), Número de Identificação de Segurança Social (NISS), Número de Utente do SNS (Serviço Nacional de Saúde), tradução e certificação de registos criminais, abertura de contas bancárias, atestados de residência, entre outros.
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