Viseu

Cinfães promove Carnaval “autêntico e genuíno” em aldeia da serra de Montemuro

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A serra de Montemuro mostra um Carnaval “autêntico e genuíno”, com os habitantes de Alhões a desfilarem com os trajes de outrora, disse hoje à agência Lusa o vice-presidente da Câmara Municipal de Cinfães.

“Os mascarados vestem-se com os trajes típicos. Os chamados bonitos usam um chapéu, todo ele, embelezado com vários listrões, fitas, bolachas, rebuçados e outros pormenores que se mantêm ao longo dos tempos”, adiantou Serafim Rodrigues.

Estes foliões, continuou o vice-presidente do Município de Cinfães, no norte do distrito de Viseu, “mantém a tradição de usar à cintura aquelas correias que os animais, mais precisamente as vacas e bovinos, usavam”.

Além dos “chamados bonitos”, há outros mascarados, “os farrapões, que usam roupas velhas e os chocalhos usados por caprinos e ovinos” e, todos juntos, percorrem as ruas da aldeia de Alhões, na serra de Montemuro.

“Há ainda as ‘madames’ que são os rapazes vestidos de mulher, porque, antigamente, as mulheres não atuavam neste Carnaval, ficavam a assistir e as solteiras eram enfarruscadas e enfarinhadas”, especificou.

Este responsável, natural de Alhões, referiu que ninguém sabe quando é que a tradição começou – já os seus avós “viviam e contavam o Carnaval como hoje”, como o Município e os habitantes o querem reativar “depois de algum tempo” sem sair.

“Não havia jovens e a população estava muito envelhecida, mas tem havido algum rejuvenescimento por causa até de emigrantes que regressaram à sua terra, e têm crianças, e isso tem provocado alguma dinâmica” na região, notou.

“E foi por isso que nós resolvemos desafiar a população a reativar a tradição. E tem havido workshops para que os mais velhos possam passar conhecimento a estas gerações mais novas e possamos manter esta tradição única”, adiantou.

Para Serafim Rodrigues, trata-se de um Carnaval “autêntico e genuíno que não se vê em mais lado nenhum, quer pela forma como se vestem, quer pelas máscaras que são feitas de renda”.

Serafim Rodrigues especificou ainda que os próprios foliões “mudam a fala, o timbre, para que não sejam reconhecidos pelos outros foliões e mesmo pelos habitantes” que assistem ao desfile na aldeia.

“Eu defendo mesmo que se registe este Carnaval, para que não se perca no tempo. De certa maneira os workshops promovem a passagem da tradição, mas seria bom que houvesse um registo descritivo desta nossa tradição para o futuro”, sustentou.

Durante o fim de semana a aldeia de Alhões, além do desfile na tarde de domingo, promove bailes e música tradicional, uma feira rural, ateliers e ainda um parque de diversões com insufláveis a pensar nos mais novos.

“Antigamente, as crianças, até aos 16 anos, nem entravam no desfile, nem sequer podiam assistir. Lembro-me que até nos fechavam para não irmos ver. Agora não, é diferente e todos participam, mas queremos preservar a restante tradição”, assumiu.

Notícias do Centro | Lusa

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