Dezenas de pessoas participaram hoje numa espécie de “cordão humano andante” organizado pela CGTP entre a estação de Coimbra-B e Coimbra-A (Estação Nova), num protesto contra o fim da ligação ferroviária ao centro da cidade.
A iniciativa, organizada pela União dos Sindicatos de Coimbra, contou com a presença da secretária-geral da CGTP, Isabel Camarinha, que considerou que a decisão de acabar com a Estação Nova e consequentemente com a ligação ferroviária ao centro de Coimbra “é errada e deveria ser revertida”.
“Este é um serviço utilizado por milhares de pessoas, nomeadamente trabalhadores. É uma forma de manter a vida no próprio centro da cidade e a partir de um transporte que é o melhor para o ambiente e que garante rapidez de deslocação das pessoas da estação de Coimbra-B”, disse à agência Lusa Isabel Camarinha.
Para a responsável sindical, “não se compreende a decisão de desativação da estação”.
A ligação ferroviária entre as duas estações deverá terminar no início de 2024, no âmbito da implementação do Sistema de Mobilidade do Mondego (SMM), que passará a assegurar o transporte, através de ‘metrobus’, entre Coimbra-B e o centro da cidade.
“O Metro Mondego não vai garantir completamente esta ligação. Este é um serviço público que deve ser defendido”, vincou Isabel Camarinha, recordando que muitos trabalhadores de concelhos vizinhos deslocam-se de comboio para Coimbra e acabam por precisar da ligação para chegar ao centro da cidade.
Apesar de reconhecer que já foram dados passos no sentido de acabar com a ligação ferroviária e de haver fundos afetos ao projeto do SMM, a secretária-geral da CGTP frisou que “ainda se está a tempo de alterar a decisão tomada”.
A coordenadora da União dos Sindicatos de Coimbra, Luísa Silva, sublinhou que há “muitos trabalhadores” que utilizam aquela ligação “todos os dias”, de concelhos como a Mealhada, a Figueira da Foz ou Anadia, e que se dirigem para os hospitais, câmara ou universidade.
“As populações não foram ouvidas de todo. Quem decidiu isto não anda de comboio”, realçou.
Sobre o protesto, Luísa Silva explicou que, face à distância entre as duas estações, o cordão humano acabou por ser “um cordão humano andante”, que começou em Coimbra-B e que termina na Estação Nova.
Em abril, quando questionada sobre a petição pública que defende a manutenção da ligação ferroviária à Estação Nova, a sociedade Metro Mondego salientou que a discussão de alternativas “radicalmente diferentes” das projetadas é “extemporânea”, ainda para mais tendo o SMM sido concebido desde o seu início partindo do pressuposto que integraria o canal entre Coimbra-A e Coimbra-B.
A hipótese de se manter a ligação ferroviária “iria atrasar de forma expressiva a data de entrada em serviço do SMM”, sublinhou a Metro Mondego, posição corroborada pela Câmara Municipal de Coimbra (CMC) e pelo Ministério das Infraestruturas.
Segundo a Metro Mondego, qualquer alteração relevante levaria a um adiamento do serviço de “pelo menos por mais três anos”.
Questionada sobre as diferenças de capacidade entre um ‘metrobus’ e um comboio em Coimbra-B, a Metro Mondego realçou que a solução terá uma capacidade de 1.500 passageiros por hora, enquanto a procura máxima de momento em Coimbra-B é na ordem dos 850 passageiros por hora.
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