A intervenção arqueológica realizada na Igreja de Santo António, em Aveiro, revelou um método construtivo de aligeiramento cerâmico de abóbadas, confirmado até ao momento em Montemor-o-Velho, em Évora, e na Madeira, disse hoje fonte académica.
Ricardo Costeira da Silva, professor da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e investigador do Centro de Estudos Interdisciplinares da mesma universidade (CEIS20) disse à Lusa que, embora essa técnica seja comum nesse tipo de edifícios da mesma cronologia, (primeiro quartel do século XVI) “só alguns tipos de intervenções muito particulares permitem confirmar e observar a sua utilização.
Segundo aquele investigador, “o aligeiramento cerâmico na construção de abóbadas é uma técnica peculiar de origem remota, provavelmente romana, que se desenvolve na Época Medieval cristã”.
“Os casos mais mediáticos em Portugal são mesmo os de Montemor-o-Novo e Évora e nos últimos anos tenho conhecimento de um outro caso na ilha da Madeira”, adianta Ricardo Costeira.
“Os benefícios na prevenção de infiltrações e isolamento de humidade surgem citadas em textos históricos”, mas está por comprovar a melhoria do desempenho acústico.
Em Portugal são conhecidos alguns exemplos do emprego do aligeiramento cerâmico de abóbadas como no convento de S. Domingos em Montemor-o-Novo construído a partir de 1561, no claustro do convento de S. Francisco em Évora, na abóbada da capela do Espírito Santo da igreja matriz de Machico, restrita lista a que se junta agora a abóbada do coro-alto da Igreja de Santo António, em Aveiro.
A coleção cerâmica recuperada no preenchimento da abóbada do coro alto da igreja de Santo António encontra-se estimada em 90 peças, com uma grande variedade de recipientes, incluindo anforetas, de produção local e formas de pão de açúcar, cuja produção Aveiro dominou durante séculos.
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