Aveiro

Centro Ferreira de Castro contra obra em Azeméis que viola desejos do escritor

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O Centro de Estudos Ferreira de Castro manifestou-se hoje contra a construção de um edifício que diz contrariar os desejos desse escritor quando doou a respetiva residência ao município de Oliveira de Azeméis, onde nasceu.

Em causa está o projeto para criação de um centro interpretativo que, segundo a instituição do distrito de Aveiro especializada na obra de José Ferreira de Castro (1898-1974), “destrói grosseiramente a quinta e o jardim” da casa-museu do romancista, “indo contra a vontade expressa pelo próprio ao doar este património aos oliveirenses, a 30 de dezembro de 1967”.

Carlos Oliveira Castro é o diretor do Centro de Estudos Ferreira de Castro e cita o documento original da doação realizada pelo autor que ficou célebre pelo romance “A Selva”: “A parte rústica deverá ser mantida com o seu aspeto atual, substituindo-se as árvores existentes, quando caídas ou secas, por outras da mesma espécie, não se devendo praticar outras culturas que não sejam as que atualmente se praticam – vinha, centeio, feijão, batata, pomar, horta e demais culturas arvenses, isto é, as culturas praticadas na infância do doador”.

O diretor do Centro de Estudos realça que “esse compromisso foi aceite e assinado em escritura pública pelo então presidente da câmara, Artur Correia Barbosa”, e afirma que o mesmo espírito estava subjacente ao plano inicial do seu sucessor Ápio Assunção (1947-2018), quando em 2004 esse autarca propôs a criação do referido espaço interpretativo.

“Ao contrário, porém, do que sucedia no anterior projeto [de Ápio Assunção], que procurava conjugar harmoniosamente o edificado com a área vegetal envolvente, o atual destrói grosseiramente a quinta e o jardim”, defende Carlos Oliveira Castro.

Para esse especialista na obra do autor de “Emigrantes” e “A lã e a neve”, “ao desrespeitar a vontade do doador, bem como o compromisso por si tomado, a Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis torna-se agente de um atentado patrimonial e de um dano à memória histórica e cultural do concelho – e, tratando-se de Ferreira de Castro, um escritor central da primeira metade do século XX português, também à do país”.

O assunto já motivou uma petição pública que, em pontos dias, foi assinada por 114 pessoas, entre as quais sobretudo artistas, docentes universitários e a própria ex-ministra da Cultura Isabel Pires de Lima.

O documento subscrito por esses cidadãos diz-se “vigorosamente contra esta destruição, instando a Câmara Municipal a repensar o seu projeto” e apelando a que todos os que partilham da mesma preocupação assinem a petição.

Contactado pela Lusa, o executivo camarário de Oliveira de Azeméis não prestou esclarecimentos sobre o assunto.

Notícias do Centro | Lusa

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