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Bonança parcial depois da tempestade Leslie no distrito de Coimbra

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Os investimentos nas infraestruturas municipais de Montemor-o-Velho danificadas pela tempestade Leslie, em 2018, já estão “mais ou menos resolvidos”, subsistindo ainda atrasos relativamente as instituições, disse à agência Lusa o presidente da Câmara.

“Com as entidades sem fins lucrativos é que está tudo mais atrasado”, afirmou Emílio Torrão, enfatizando que o seu concelho, no distrito de Coimbra, “foi um dos mais afetados” pelo furacão Leslie, que atingiu Portugal como tempestade tropical, na noite de 13 para 14 de outubro.

O autarca do PS recordou que o Centro Equestre de Montemor-o-Velho (CEMV), com mais de 300 associados, sofreu avultados prejuízos, “mas houve mais situações dessas” no concelho.

O setor agropecuário, neste município e um pouco por todo o território do Baixo Mondego, entre Coimbra e Figueira da Foz, foi igualmente afetado e houve produtores que “não tiveram ajuda nenhuma”, lamentou.

Em 23 de outubro de 2018, dez dias após a devastação do Leslie, a Associação Distrital dos Agricultores de Coimbra (ADACO) exigiu ao Governo “ajudas a fundo perdido pela perda de rendimentos” do setor.

“Os agricultores e suas famílias precisam de comer e de sobreviver até que seja reposto o potencial produtivo, nomeadamente das explorações familiares. Por isso, é urgente um apoio financeiro a começar para quem, em muitas situações, perdeu tudo”, reclamava a ADACO, numa exposição enviada ao então Ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Luís Capoulas Santos.

Em 30 de setembro de 2020, a direção do Centro Equestre de Montemor-o-Velho lamentava não ter ainda recebido os apoios do Estado, apesar de ter sido aprovada a sua candidatura ao Programa de Equipamentos Urbanos de Utilização Coletiva.

A presidente da assembleia geral do CEMV, Ângela Frota, disse hoje que o Estado pagou 25% do investimento realizado pela associação na sequência do Leslie.

“Gastámos 32 mil euros e recebemos uma ajuda de cerca de oito mil euros. O restante, fomos nós que tivemos de suportar”, adiantou à Lusa.

O CEMV e as demais instituições lesadas esperavam receber um financiamento de 70% dos investimentos efetuados.

“Foi-nos transmitido sempre que o apoio às associações seria de 70%, mas o Estado decidiu financiar a 25%”, salientou Ângela Frota.

Entre outros territórios, o Leslie atingiu também concelhos do interior do distrito de Coimbra, como Tábua e Oliveira do Hospital.

“Com essa tempestade, além de nunca ter recuperado o que perdi de produção e clientes do estrangeiro, também nunca consegui fazer seguro de colheita”, declarou Nuno Pereira, presidente da cooperativa Capital dos Frutos Silvestres, com sede em Oliveira do Hospital.

As seguradoras, segundo o produtor, “dizem sempre” que os dois concelhos “estão numa zona de alto risco e que por isso os seguros não cobrem”.

“Também continuamos a ser considerados produtores de territórios de baixa densidade e não de territórios de serra, o que penaliza principalmente os agricultores de Tábua e Oliveira do Hospital no acesso apoios e investimentos na agricultura e floresta”, disse.

Nuno Pereira referiu, contudo, que “no meio de tantos que não tiveram direito a apoios”, ele nem tem muitas razões de queixa.

“Para uma candidatura de 68 mil euros, que foi aprovada, tive sorte. Finalizei este mês o processo de apoio de cerca de 50 mil euros para recuperação das estufas que foram destruídas”, congratulou-se.

Nuno Pereira reconheceu que, com o Leslie, “foi tudo mais fácil nesse aspeto”, já que tanto os agricultores como os técnicos do Ministério da Agricultura “estavam mais familiarizados com os processos burocráticos”, idênticos aos dos pedidos de ajuda devido aos incêndios de 15 de outubro de 2017.

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