O presidente da Câmara de Sever do Vouga, Pedro Lobo, disse hoje que “foi um milagre não ter morrido ninguém”, nos incêndios que lavraram neste concelho do distrito de Aveiro entre domingo e quinta-feira.
“Isto é o maior fogo de sempre. Foi um atentado terrorista que fizeram ao nosso concelho. As pessoas não têm noção do que foi aquilo. Foi por milagre que não morreu ninguém”, disse à Lusa o autarca, que nas primeiras horas chegou a andar juntamente com o comandante dos bombeiros a apagar as chamas, com mangueiras e baldes.
O autarca destaca ainda o “trabalho fantástico” de centenas de severenses com carrinhas equipadas com reservatórios de água e motobombas, que andaram por todo o lado a combater o incêndio, adiantando que se não fosse isso seria a “desgraça total”.
Apesar de a situação ter acalmado, o presidente da câmara diz que depois de o incêndio ter entrado na fase de resolução, na madrugada de quinta-feira, ainda se registaram reacendimentos e novas ignições, até à altura em que começou a chover.
“Ainda ontem [quinta-feira], à uma da manhã, estava no Folharido e o local onde havia fogo era muito estranho. Aquilo não nos parecia possível um reacendimento”, disse o autarca, assinalando que ali à beira tinha sido encontrado um vasilhame com gasolina.
O autarca lembra ainda que no sábado à noite também foram encontrados, em Talhadas, seis reservatórios com gasolina cobertos pela vegetação, o que adensa ainda mais as suas “fortes suspeitas” sobre fogo posto.
Relativamente aos prejuízos, o autarca diz não ter conhecimento de nenhuma casa de primeira habitação que tenha sido destruída, não havendo por isso desalojados. “Tenho conhecimento de estaleiros ardidos, aviários e empresas completamente ardidas”, referiu, afirmando que, pela primeira vez, foi decretado o estado de calamidade pública em Sever do Vouga.
Pedro Lobo referiu ainda que o município já começou a proceder à contabilização dos danos e perdas resultantes dos incêndios, mas os resultados só deverão ser conhecidos nas próximas semanas.
“Na próxima semana, os técnicos do município irão dedicar um dia a cada uma das juntas de freguesia para juntamente com os presidentes de junta verificarem os prejuízos em cada freguesia. Vamos tentar fazer isto o mais rápido possível”, disse o autarca, que espera que o Governo cumpra a promessa de distribuir os apoios rapidamente.
Sete pessoas morreram e 161 ficaram feridas devido aos incêndios que atingem desde domingo sobretudo as regiões Norte e Centro do país, nos distritos de Aveiro, Porto, Vila Real, Braga, Viseu e Coimbra, e que destruíram dezenas de casas.
A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) contabiliza cinco mortos, excluindo da contagem dois civis que morreram de doença súbita.
A área ardida em Portugal continental desde domingo ultrapassa os 121 mil hectares, segundo o sistema europeu Copernicus, que mostra que nas regiões Norte e Centro já arderam mais de 100 mil hectares, 83% da área ardida em todo o território nacional.
O Governo declarou situação de calamidade em todos os municípios afetados pelos incêndios nos últimos dias e sexta-feira dia de luto nacional.
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