Aveiro

Oliveira de Azeméis inicia classificação dos sítios arqueológicos de Monte Calbo e Castro de Ul

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 O instituto Património Cultural deu início ao processo de classificação do Monte Calbo e do Castro de Ul, que, como referiu hoje a Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis, são sítios arqueológicos a merecer mais estudo.

O início dos dois processos de classificação foi formalizado em Diário da República na semana passada e visa garantir uma área de proteção de 50 metros em torno de cada um desses sítios arqueológicos do distrito de Aveiro e Área Metropolitana do Porto – o primeiro dos quais na freguesia de Cesar e o segundo na de Santiago de Riba Ul.

Começando pelo caso do Monte Calbo, o vereador com o pelouro da Cultura em Oliveira de Azeméis lembra que só recentemente se percebeu que esse alto da serra do Pinheiro terá acolhido um povoado no período do Bronze Final, na transição do segundo para o primeiro milénio a.C..

“Em 2014, na sequência de um fogo florestal, a plantação de árvores no topo do cabeço permitiu, pela primeira vez, a recolha de materiais arqueológicos no local, ao mesmo tempo que possibilitou uma perceção da sua área de dispersão, que pode corresponder ao povoado”, declarou o vereador Rui Luzes Cabral à Lusa.

O também vice-presidente da autarquia notou, aliás, que essa suspeita quanto à existência de um antigo povoado no local é reforçada pelo facto de que, nas zonas onde houve revolvimento de terras para plantação de árvores, foram recolhidos “fragmentos de cerâmica e um pequeno machado de anfibolito”.

A escolha do Monte Calbo para instalação de antigos povos dever-se-á às condições favoráveis da zona, já que esse topo da serra do Pinheiro, situado a uma cota de 460 metros, tem “um amplo domínio da paisagem dos vales envolventes”, que, por sua vez, também apresentam “boa capacidade agrícola”.

Além disso, “do ponto mais alto é possível, em dias sem neblina, avistar a linha de costa”, o que, em paralelo à componente contemplativa dessa posição geográfica, teria a vantagem de ajudar a identificar possíveis perigos, como a aproximação por mar de povos invasores.

Um aspeto a investigar em futuras prospeções é particularmente nessa perspetiva: “O povoado seria delimitado por uma estrutura tipo muralha em pedra, que não foi ainda escavada”.

Já no que se refere ao Castro de Ul, Rui Luzes Cabral explicou que está situado num local “razoavelmente conservado, embora tenha algumas zonas afetadas por trabalhos agrícolas e de silvicultura realizados ao longo do tempo, ao que se junta alguma afetação devido à construção de habitações numa das encostas do cabeço”.

Localizado num pequeno monte com cota máxima de 105 metros, na confluência dos rios Antuã e Ul, o Castro de Ul não possui o domínio da paisagem que é característico dos povoados castrejos fortificados da Idade do Ferro, mas apresenta “vertentes relativamente íngremes que lhe garantem uma boa defensabilidade natural”.

Ainda assim, os vestígios identificados no sítio – que terá tido uma ocupação mais alargada no tempo, “desde o primeiro milénio a.C. até ao século V d.C.” – revelam sinais de edificado defensivo: “As escavações realizadas até à data têm deixado à vista um conjunto de estruturas em pedra associadas a um troço de muralha com uma porta”.

As prospeções aí levadas a cabo no século XX também identificaram “algumas estruturas relacionadas com a ocupação romana” e um conjunto de artefactos que “sugerem a existência de ocupações anteriores, tanto da Idade do Ferro como da Pré-história”.

Rui Luzes Cabral quer continuar a estudar o local porque, face aos achados do Calcolítico e Idade do Bronze já descobertos no Castro de Ul, acredita que haverá mais a conhecer: “Foram recolhidos utensílios em sílex, nomeadamente lascas, lâminas, raspadores e núcleos, assim como um machado em pedra polida. Apesar de não terem sido identificadas estruturas habitacionais, há pelo menos uma base de lareira que corresponderá à ocupação do sítio durante este vasto período”.

Notícias do Centro | Lusa

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