Portugal

Associação alerta para situação crítica no tratamento de resíduos não urbanos em Portugal 

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O tratamento dos resíduos não urbanos (RNU) em Portugal Continental atravessa uma  situação crítica. Os sete aterros em funcionamento operam com menos de 30% da sua  capacidade disponível. Em alguns casos, a capacidade útil está esgotada.  

A APERA alerta para a necessidade urgente de desbloquear os licenciamentos e as ampliações  já previstas, pois se isso não vier a acontecer nos próximos meses, várias indústrias, hospitais,  centros comerciais, mercados abastecedores e operadores poderão ficar sem soluções de  tratamento, o que coloca em risco a sustentabilidade económica e ambiental do país.  

As regiões Norte e Lisboa e Vale do Tejo são as mais afetadas, com quatro projetos de expansão  em fase de licenciamento, dois em cada uma, que poderiam garantir a continuidade da  atividade, mas que enfrentam forte oposição local. 

“Os aterros de resíduos não urbanos são fundamentais para a saúde pública e para a economia.  Nenhum país desenvolvido vive sem eles. É urgente desmistificar o fenómeno NIMBY (rejeição  pela população da instalação destas unidades nos territórios) e devolver racionalidade à decisão  política”, conclui a APERA. 

A legislação em vigor determina que os licenciamentos e ampliações de aterros, para além de  todos os licenciamentos de engenharia e ambientais por parte da Agência Portuguesa do  Ambiente e das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional, dependem ainda da  aprovação urbanística dos municípios onde as infraestruturas se localizam. Os processos  tornam-se frequentemente morosos, fruto da oposição local associada ao fenómeno NIMBY, o  que dificulta o planeamento e a resposta a nível nacional. Trata-se de infraestruturas seguras,  sujeitas a um programa de controlo e fiscalização apertado e essenciais à saúde pública e à  economia do país. 

Em 2022, Portugal produziu cerca de 12 milhões de toneladas de resíduos não urbanos, dos  quais 85% foram valorizados ou reciclados, o que que revela o notável caminho percorrido no setor dos resíduos não urbanos. A fração não reciclável, cerca de 1,8 milhões de toneladas, tem  como destino final os  materiais, uma vez que o país não dispõe de unidades de valorização energética, para  tratamento de resíduos não urbanos. 

Se nada for feito, muitas empresas, hospitais e grandes unidades geradoras de resíduos serão  forçadas a exportar resíduos, e algumas até mesmo parar a atividade, o que resultará em  aumentos significativos nos custos de produção e de prestação de serviços, com consequências  diretas nos preços ao consumidor final. Trata-se, segundo o setor, de uma questão de  sobrevivência e de autossuficiência nacional, quer ao nível da indústria quer do ambiente, uma  vez que a falta de capacidade nacional para tratamento pode conduzir ao reaparecimento de 

lixeiras a céu aberto, com consequências graves para as águas, solos, fauna, flora e, também,  para a saúde pública. 

Em situação análoga, e em alguns casos até pior, encontram-se dezenas de aterros de resíduos  urbanos destinados ao tratamento da fração não reciclável produzida nas habitações e  pequenos comércios, cuja taxa de dependência dos aterros para tratamento é superior a 55%  do resíduo produzido. 

O Governo anunciou recentemente um conjunto de medidas, entre elas a criação de uma “via  verde” de licenciamento, que visa agilizar a aprovação e construção de novas infraestruturas  sem comprometer o rigor técnico e ambiental. Estas medidas enquadram-se no Plano Terra, através do qual o Governo pretende responder à emergência que se vive em Portugal, associada  ao esgotamento dos aterros destinados a resíduos urbanos e não urbanos. É essencial construir  soluções, envolvendo o Governo e as Autarquias, para ultrapassar os bloqueios existentes. 

A Associação Portuguesa de Empresas de Resíduos e Ambientes (APERA) defende que  infraestruturas de interesse nacional devem ter processos de licenciamento centralizados,  acompanhados de mecanismos de compensação aos municípios e de campanhas de  sensibilização pública que esclareçam o papel dos aterros e desmistifiquem receios  injustificados.

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