Três toneladas de calcário e 54 atores são protagonistas em “Muros que unem”, peça de teatro que estreia no sábado em Porto de Mós e que liga a comunidade local às de Pombal e de Ansião, também no distrito de Leiria.
Criada pelo Leirena Teatro, com dramaturgia e encenação de José Carretas, “Muros que unem” inspira-se nos muros de pedra seca, ou solta, típicos das serranias de Aire e Candeeiros, que abrangem Porto de Mós, e do Sicó, território que abarca os concelhos de Ansião e Pombal.
Ao longo do espetáculo, um muro de pedra seca será erigido em cena pelos atores, que vão utilizar as três toneladas de calcário para levantar a estrutura com seis metros de comprimento, 1,20 de altura e meio metro de largura.
“Este muro não serve para separar, mas sim para unir. É um objeto artístico, está em cena connosco e representa um vasto território”, explicou à agência Lusa Frédéric da Cruz Pires, responsável pela companhia de teatro de Leiria, que reparte a encenação com José Carretas.
Juntando atores profissionais do Leirena e amadores daqueles três concelhos que têm trabalhado com a companhia em projetos anteriores, esta “comédia de amores”, como a descreve o diretor, tem o cerne do conflito no muro: começa em ruínas e vai ganhando forma ao longo da hora e meia do espetáculo, em que “a comunidade vai estar sempre em cena”.
“O bonito disto, para além de ser louco andarmos com três toneladas de pedra, é que estas 54 pessoas vão estar em cena na estreia [em Porto de Mós], na reposição em Ansião e na reposição em Pombal em 2026”.
Segundo Frédéric da Cruz Pires, “Muros que unem” “é isso também”: “Estamos a falar de um espetáculo que não é hábito fazer, com 54 pessoas que unem três concelhos. É bonita a sinergia entre concelhos e a participação entre as comunidades”.
Apesar da exigência da nova produção, o responsável reconheceu que o esforço é compensador.
“São pessoas que estão connosco noutros projetos e aqui têm a experiência de conhecer pessoas de outros concelhos que também fazem teatro connosco. É louco ter três toneladas de pedra e 54 pessoas numa área de nove por nove metros e ter de levar todo o equipamento para apresentar teatro em espaços não convencionais, mas é muito bonito. O processo é super-rico”.
Preparado ao longo dos últimos meses, “Muros que unem” resulta de três residências artísticas em Porto de Mós, Pombal e Ansião, “tanto com pesquisa no terreno, como em sala, para criar a dramaturgia”. Em paralelo, em cada um dos concelhos, o Leirena ensaiou os grupos locais.
A estreia da peça está agendada para sábado, às 21:30, no Centro Cultural Recreativo Desportivo Arrimal, na freguesia do Arrimal, em Porto de Mós. Estão ainda previstas duas reposições, no dia 22, no Centro de Negócios de Ansião, e em 24 de maio de 2026, no Explore Sicó, em Pombal.











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