Cerca de duas centenas de manifestantes marcaram hoje presença num protesto pacífico, no Fundão, contra a instalação da central fotovoltaica Sophia, exigindo mais transparência nestes processos, que têm um “impacto imenso” na vida das pessoas e no ambiente.
“Sentimos que um projeto desta envergadura não deve ficar restrito a uma consulta pública num site online. É um projeto [central solar Sophia] muito grande, com impactos imensos para a vida das pessoas e não só, também a nível ambiental”, afirmou à agência Lusa Ricardo Carvalho, do Movimento Cívico Gardunha Sul.
Os manifestantes concentraram-se cerca das 14:30 em frente a Câmara Municipal do Fundão, no distrito de Castelo Branco, e deslocaram-se posteriormente até ao Centro de Acolhimento de Empresas Tecnológicas do Fundão, onde decorria a sessão solene da tomada de posse do novo executivo camarário.
O ativista lembrou ainda que uma vez mais é preciso questionar porque é que esta região tem de ser a zona de sacrifício e é preciso saber de quem é a decisão.
“Quem é que decide isto? Porque é que temos de ser, mais uma vez, uma zona de sacrifício quando depois nada fica aqui”, questiona.
A central solar fotovoltaica Sophia, que abrange os municípios do Fundão, Idanha-a-Nova e Penamacor, no distrito de Castelo Branco, representa um investimento ronda os 590 milhões de euros e a capacidade instalada na central fotovoltaica será de 867 MWp (Megawatt pico).
A central tem uma produção anual prevista de 1.271 Gwh (gigawhatt-hora) o que lhe permitirá gerar energia equivalente ao abastecimento de mais de 370 mil habitações.
Ricardo Carvalho explicou que o objetivo de se concentrarem junto ao local onde o novo executivo tomava posse é tentar cativar o poder político para esta causa.
“Queremos também cativar o poder político que está a tomar posse agora, para se juntar aos seus munícipes e também queremos perceber qual é a posição do município em relação a isto, porque precisamos do apoio deles para clarificar tudo aquilo que está aqui envolvido”, sustentou.
Segundo o responsável do movimento cívico aquilo que está em causa não é só o megaprojeto da central fotovoltaica Sophia.
“Percebemos que não é só isto. Há muito mais que está para vir. Já existem muitos parques solares na região. Até que ponto é que estamos conscientes dos seus impactos? Sentimos que não é por aí o caminho. Queremos respostas e que nos ajudem a clarificar tudo isto”, vincou.
O ativista sublinhou que é preciso repensar este nível de participação que é muito pobre.
“Participar não é só submeter informação demasiado pesada, que até é muito difícil de compreender para as pessoas. Sentimos que não há, de facto, transparência na forma como estes projetos são implementados”, disse.
O movimento deixou ainda um apelo à população para que se una.
“Obviamente, não vamos ficar por aqui. É importante estarmos presentes nas assembleias de freguesia e assembleias municipais. É aí que podemos também exercer a nossa participação enquanto cidadãos”, concluiu.
O Gardunha Sul é um movimento cívico de cidadãos residentes na União de Freguesias de Vale de Prazeres e Mata da Rainha (concelho do Fundão) que tem como objetivo uma maior envolvência, uma participação mais ativa e a construção de pontes entre o poder local e os cidadãos.
                                                        
    					











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