O presidente do Chega acusou hoje o primeiro-ministro de ter antecipado a entrega do Orçamento do Estado para “desviar atenções” do caso Spinumviva e pediu-lhe que governe para o país e não para eleições.
“Vejam ao que eles chegaram, soube há um bocadinho, depois disso tudo que tem acontecido nas últimas horas, que o primeiro-ministro tinha antecipado a entrega do Orçamento do Estado para amanhã [quinta-feira], para desviar as atenções de tudo o que está a acontecer”, acusou.
André Ventura discursava num comício ao ar livre, em Vale de Cambra, no distrito de Aveiro, uma iniciativa da campanha para as eleições autárquicas de domingo.
“É impressionante como se usa o Governo do país numa altura de eleições autárquicas, por um lado para fazer eleitoralismo com o Orçamento do Estado”, criticou.
O líder do Chega disse que de “cada vez que o primeiro-ministro anuncia o que quer que seja no país em véspera de eleições autárquicas, não é com o dinheiro dele, é com o dinheiro dos contribuintes”.
“Senhor primeiro-ministro não governe para eleições, governe para o país, governe para as pessoas, governe para os portugueses”, apelou.
André Ventura pediu também a Luís Montenegro que “não use manobras de distração”.
“Se tem coisas para responder, responda, não use expedientes. As pessoas não se deixam enganar”, sublinhou.
Sobre as eleições autárquicas, André Ventura pediu aos eleitores confiança nos candidatos e apelou à mobilização no domingo, dizendo que o Chega “não pode “ser um partido só que tem vitórias nacionais, tem que ter vitórias junto do poder local, onde a vida das pessoas é transformada verdadeiramente”.
O líder antecipou que serão cometidos erros, porque “toda a gente erra” e haverá “apostas que não correram tão bem”.
“Mas não interessa. Arriscámos por Portugal, arriscámos fazer diferente, arriscámos ir à luta, arriscámos provocar um tsunami neste país no dia 12”, referiu, pedindo igualmente um “terramoto político”.
O presidente considerou importante que o Chega tenha “uma grande vitória” no distrito de Aveiro.
“Até porque é o distrito do primeiro-ministro, Luís Montenegro, e agora mais do que nunca faz todo o sentido dizer que este país, este país em que vivemos, precisa de um novo rumo, mas precisa também de uma limpeza na corrupção, no compadrio, no amiguismo, precisa de uma limpeza, precisa de uma limpeza do mais alto ao mais baixo escalão do Estado, e é isso que o Chega que quer fazer”, indicou.
O líder do Chega considerou que o “país clama por mudança, mas exige dos seus dirigentes, dos seus políticos, transparência, verdade e retidão, exige políticos que sejam sérios, que não tenham medo, não estejam presos por nenhuns interesses”.
“O Chega tem que ser esse partido, sério, transparente e que não esteja preso por nenhum interesse que não seja combater a corrupção a todo custo, doa a quem doer em nome de Portugal e em nome dos portugueses”, salientou.
Ventura pediu aos candidatos do Chega a estas autárquicas que sejam “o primeiro exemplo do que é governar à Chega”.
“Governar sem interesses instalados, governar sem amiguismos, governar sem corrupção, governar sem medo de enfrentar as minorias, mesmo que essas minorias sejam ruidosas, mesmo que venham para a porta da câmara fazer exigências, dizer que têm direito a isto e aquilo”, afirmou.
O presidente do Chega considerou também que na saúde tem existido uma “espécie de mercantilização por quem tinha vindo de fora”.
“Nós não temos médico de família, não temos centros de saúde, não temos casas e estamos a deixar o país degradar-se atrás de degradação, com mais insegurança, mais criminalidade, e ficamos a olhar à espera que as coisas mudem”, argumentou, considerando que isso só acontecerá quando o executivo governar Portugal.
O candidato do Chega à presidência da câmara de Vale de Cambra, atualmente liderada pelo CDS, prometeu cumprir todas as promessas que fez.
“Sou presidente de junta há 20 anos, a minha palavra foi sempre cumprida, não vivi da política, mas vivi para servir todo o povo”, afirmou Manuel Campos, autarca que foi eleito pelo CDS.
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