O candidato do CDS-PP à Câmara de Viseu, Hélder Amaral, disse hoje à agência Lusa que o concelho deve ter um mercado de produtores digno e admitiu revisitar um projeto antigo para estudar a melhor solução.
“Uma comunidade, uma cidade ou um município, se tiver respeito pelos pequenos produtores, tem de lhes dar melhores condições. Não há nenhuma razão que explique o facto de Viseu não ter um mercado de produtores digno da dimensão do concelho e da sua agroindústria, que é, no fundo, o que mantém as nossas aldeias vivas”, defendeu.
No final de uma visita ao mercado, Hélder Amaral disse à Lusa que a “dor de alma” que os produtores sentem também é sua, já que o pai também vendeu, tanto no anterior mercado, como no atual, que era para ser provisório, segundo o já falecido presidente António Almeida Henriques (PSD), que fez um projeto para o antigo espaço.
Nesse sentido, disse que “gostava de o revisitar” e revelou estar “muito tentado a pegar nesse projeto” do Mercado 21 de Agosto para “fazer um novo nesse mesmo espaço, corrigir o que estava mal feito” e “aproveitar o centro comercial” existente “que está praticamente vazio” para “fazer um espaço agradável, moderno”.
Um mercado que contemplasse um “espaço onde pudesse haver uma praça de comida e um para demonstração de cultura, porque esses mercados podiam ter, ao mesmo tempo, atividade cultural” das aldeias e associações.
“No anterior mercado há espaço mais do que suficiente para, com imaginação, com um bom estudo, fazermos um novo mercado. Para darmos a visibilidade que eles [produtores] reclamam, mas essencialmente para lhes dar as condições, de verão e de inverno, para manter os produtos frescos, a limpeza e a higiene e eles próprios terem condições de trabalho dignas”.
O mercado de produtores “pode ser mau e desagradável” para quem lá trabalha e visita, “mas tem um efeito para lá disso, nas aldeias” do concelho, porque “diz às pessoas que podem estar a ocupar terreno, a manter as freguesias vivas”.
Alem disso, as pessoas estão “a produzir economia, valor” e “com esse dinheiro esses pequenos produtores conseguem educar os filhos e conseguem realizar os sonhos e tirá-los da situação difícil em que se encontram e de ter algum rendimento, é o verdadeiro elevador social”.
E ainda “a manter as tradições, a cultura e a recuperar o seu edificado”, porque dessa forma “criam novas centralidades, não há zonas desertificadas e podem acolher comunidade migrante”.
“Este mercado é o espelho da inércia, da falta de vontade. Não quero acreditar que é por falta de dinheiro ou por falta de capacidade de fazer um mercado como outras cidades fizeram”, indicou.
A título de exemplo indicou o mercado de Braga que, na mesma altura que Viseu, “montou uma tenda provisória”, enquanto fez “um mercado novo, moderno, com praça da comida, com tradições”.
“Se Viseu quiser proteger a sua identidade e se nós perdermos a identidade não estamos cá a fazer nada. Podemos querer fazer grandes obras, lançar novos anúncios, mas não podemos perder a identidade e essa característica de Viseu, cidade de produtos endógenos de grande qualidade, dos melhores do mundo”, defendeu.
A juntar a isso, acrescentou, os turistas podem “ver o que é a alma de Viseu, o que é que é ser viseense e tudo isso se está a perder, apenas e só, por falta de capacidade e de vontade”.
Além de Hélder Amaral, candidata-se também à Câmara de Viseu no dia 12, o atual presidente, Fernando Ruas (PSD); Hélio Marta (IL), João Azevedo (PS), Leonel Ferreira (CDU), Bernardo Pessanha (Chega) e Paulo Quintão (ADN).
Em 2021, o PSD conquistou 46,68% dos votos (cinco mandatos) e o PS 38,26% (quatro mandatos). O Chega foi o terceiro partido mais votado, com 2,95%, e a IL o quarto, com 2,20%.
Comentários